INTERNACIONAL

Agressão a homem negro na França reacende debate sobre violência policial e racismo

A agressão de um homem negro por policiais em Paris, que deixou o presidente Emmanuel Macron "consternado", reabriu um debate sobre racismo e violência policial nesta sexta-feira (27) na França, em meio à polêmica causada por um projeto de lei sobre segurança

AFP
27/11/2020 às 16:51.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:38

A agressão de um homem negro por policiais em Paris, que deixou o presidente Emmanuel Macron "consternado", reabriu um debate sobre racismo e violência policial nesta sexta-feira (27) na França, em meio à polêmica causada por um projeto de lei sobre segurança.

As fortes imagens mostrando quatro policiais espancando um produtor de música negro na porta de seu estúdio em Paris - que foram divulgadas na quinta-feira pelo site Loopsider - geraram uma onda de indignação na França.

Os agentes foram detidos nesta sexta-feira para um interrogatório na sede da Inspeção Geral da Polícia Nacional (IGPN).

Na cena, que dura vários minutos e foi capturada por câmeras de segurança, os agentes são vistos socando, chutando e batendo com um cassetete na vítima, Michel Zecler, a quem a polícia chamou a atenção por aparentemente não estar usando máscara.

A onda de indignação atingiu os mais altos escalões do governo e o mundo do esporte e da música. O presidente francês ficou "muito consternado" após assistir ao vídeo, informou seu gabinete nesta sexta-feira.

Grandes astros do futebol, como Antoine Griezmann ou Kylian Mbappé, e da música, como Aya Nakamura e Benjamin Biolay, também reagiram com indignação ao vídeo, que viralizou nas redes sociais.

O novo caso de violência policial também ganhou destaque nos principais jornais franceses. "Náusea", diz a manchete do "Libération", mostrando uma foto do rosto coberto de sangue de Michel Zecler; já à noite o Le Monde publicou, também na capa, imagens da polícia agredindo o produtor.

O presidente francês se reuniu ontem com o ministro do Interior, Gérald Darmanin, a quem pediu que tomasse medidas contra os policiais em questão, disseram fontes do governo à AFP.

Após esta reunião, o ministro anunciou a suspensão dos agentes envolvidos neste caso de violência policial, que disse ter "manchado o uniforme da República".

Os agentes, que estavam suspensos das suas funções, encontram-se presos na sede da Inspeção-Geral da Polícia Nacional (IGPN), para serem interrogados. A promotoria de Paris abriu uma investigação na terça-feira por "violência", "falsificação de registros públicos" e "racismo", informou à AFP uma fonte da Justiça.

Segundo Michel Zecler, que apresentou queixa, os policiais o chamaram repetidamente de "negro de m..." enquanto o espancavam.

Seu depoimento reabre um debate sobre suposto racismo "estrutural" e violência dentro da polícia francesa, algo que as autoridades negam categoricamente. Mas vários casos nos últimos anos alimentam essa tese.

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