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Agressores da maternidade de Cabul 'foram matar mães', diz ONG

Os homens armados que atacaram uma maternidade administrada pela Médicos sem Fronteiras (MSF) em Cabul "vieram para matar as mães" - declarou a ONG em um comunicado

AFP
15/05/2020 às 12:15.
Atualizado em 30/03/2022 às 01:00

Os homens armados que atacaram uma maternidade administrada pela Médicos sem Fronteiras (MSF) em Cabul "vieram para matar as mães" - declarou a ONG em um comunicado.

"Está claro que esse ataque estava dirigido contra uma maternidade, com o objetivo de matar as mães a sangue frio", denunciou a MSF, em um comunicado publicado na quinta-feira à noite (14), referindo-se ao ataque cometido na última terça e que causou 24 mortes - incluindo bebês, mulheres e enfermeiras - e deixou pelo menos 20 feridos.

"Eles entraram nas instalações da maternidade, atirando nas mulheres em seus leitos. Era algo metódico. As paredes ficaram crivadas de balas, havia sangue no chão", relatou a MSF, citando Fréderic Bonnot, responsável pelos programas da ONG no Afeganistão.

Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas os Estados Unidos responsabilizaram o grupo extremista Estado Islâmico (EI).

No momento do ataque, que durou quatro horas, havia 26 mulheres hospitalizadas na maternidade Dasht-e-Barshi, situada no oeste de Cabul, afirmou a MSF.

"Onze foram mortas, três estavam na sala de parto prestes a dar à luz, e cinco ficaram feridas", acrescentou a organização.

"Entre os mortos, estão dois rapazes jovens e uma parteira afegã que trabalhava com MSF. Dois recém-nascidos ficaram feridos", acrescentou MSF, observando que um bebê foi baleado na perna.

Os agressores entraram no hospital pela porta principal e foram diretamente para a maternidade, segundo a equipe da MSF que presenciou o ataque.

"Infelizmente, a violência contra a população é muito comum no Afeganistão. Mas faltam palavras para expressar o horror do que aconteceu na terça-feira", acrescentou Bonnot.

De acordo com as autoridades afegãs, os três agressores foram mortos pelas forças do governo.

O bairro em que o edifício administrado pela Médicos sem Fronteiras está localizado é habitado pela minoria xiita hazare, alvo frequente de ataques do braço afegão do grupo EI nos últimos anos.

O governo afegão acusou o EI e os talibãs, embora este último tenha negado qualquer participação.

Pelo Twitter, o enviado americano para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad, acusou diretamente o Estado Islâmico.

Segundo o enviado, o EI "favorece esse tipo de ataque odioso contra civis", "se opõe a um acordo de paz" entre o Executivo afegão e os talibãs e "tenta incentivar uma guerra sectária, como no Iraque e na Síria".

"Hospitais e equipes médicas não deveriam ser atacados. Pedimos a todas as partes que parem com esses ataques", pediu o vice-ministro da Saúde, Waheed Majroh.

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