Há várias semanas, o doutor Virgil Musta trava uma batalha não apenas contra o aumento diário de casos de coronavírus na cidade romena de Timisoara, mas também contra os "coronacéticos" que ignoram suas recomendações
Há várias semanas, o doutor Virgil Musta trava uma batalha não apenas contra o aumento diário de casos de coronavírus na cidade romena de Timisoara, mas também contra os "coronacéticos" que ignoram suas recomendações.
"Ninguém mais respeita as normas", lamenta o médico, que tratou pelo menos 600 pacientes, em entrevista à AFP.
Como exemplo, ele cita pessoas que testaram positivo para o coronavírus e voltam para casa em transporte público.
Em uma semana, a Romênia registrou quase 5.000 novos casos, chegando a 889 no último sábado, além de 142 mortes, que total de 2.026 óbitos até agora. Por causa desse aumento, alguns países europeus impuseram restrições de viagem aos cidadãos romenos.
Esse ex-país comunista de 19 milhões de habitantes começou sua luta contra a doença com uma política rígida que consiste em hospitalizar sistematicamente todos os 9infectados.
No início de julho, porém, o Tribunal Constitucional declarou ilegal a medida, considerada por alguns uma "ditadura médica".
Manter um paciente no hospital contra sua vontade "viola os direitos fundamentais", alegou o Tribunal.
Aproveitando o vácuo legislativo, "mil pacientes deixaram os hospitais e estão andando livremente", disse um epidemiologista à AFP, com preocupação, e pedindo para não ser identificado.
E a segunda onda pode ser mais forte do que a primeira.
Nos últimos dias, dois homens que deram positivo e recusaram internação morreram em casa, segundo as autoridades.
Seis pessoas infectaram 20 familiares, depois de garantir que se cuidariam em casa. Uma promessa difícil de cumprir em um país entre os mais pobres da Europa e com poucos hospitais nas áreas rurais.
De seu leito no hospital em Timisoara, uma jovem paciente de COVID-19 chora pelo marido, morto há alguns dias.
"Não é normal que um homem de 34 anos sem histórico morra por causa do coronavírus", disse ela à AFP.
Cristian Focsan, um esportista na faixa dos 40, pensou que poderia lutar sozinho contra o coronavírus.
No Facebook, disse ter-se recusou a ficar no hospital para "não ocupar um leito" que poderia ter servido a uma pessoa gravemente doente. Sua saúde acabou se deteriorando rapidamente, e ele teve de ser ligado a um respirador.