INTERNACIONAL

Além do custo humano, coronavírus pode abalar política global

Milhares de mortes, tensão entre aliados, propaganda ofensiva: o novo coronavírus está se transformando em um cataclismo com consequências de longo alcance na política global

AFP
13/03/2020 às 14:06.
Atualizado em 05/04/2022 às 01:23

Milhares de mortes, tensão entre aliados, propaganda ofensiva: o novo coronavírus está se transformando em um cataclismo com consequências de longo alcance na política global.

A pandemia do COVID-19, que deixou mais de 5.000 mortos nesta sexta-feira (13) e mais de 134.000 infectados, atinge um mundo já alterado com o surgimento de nacionalistas como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que zombou das regras da "globalização".

"Quando tudo se resolver, não estaremos no mesmo lugar em que estávamos há apenas uma semana", afirmou Jon Alterman, analista do CSIS, em Washington.

"Sabemos que os governos hesitarão quando os cidadãos julgarem que responderam mal à crise. Sabemos que as economias serão afetadas, e algumas provavelmente entrarão em colapso", acrescentou.

Trump, que inicialmente descartou os riscos da COVID-19, impôs abruptamente nesta semana uma proibição de 30 dias à maioria das viagens da Europa continental a partir da meia-noite desta sexta-feira, e prometeu enfrentar o "vírus estrangeiro".

Os líderes da União Europeia ficaram indignados com a medida, que causou caos nos aeroportos, e disseram que não haviam sido consultados, o que Trump reconheceu.

Kelly Magsamen, analista do Center for American Progress, afirmou que a decisão de Trump apenas levantará questões sobre o papel histórico de liderança em Washington.

"Muitos parceiros e aliados dizem: pode-se confiar nos Estados Unidos para liderar os principais desafios globais, seja uma pandemia ou uma mudança climática ou a não-proliferação de armas nucleares?", questiona.

"Isso terá efeitos em outras dimensões do nosso relacionamento", concluiu.

A COVID-19 foi relatada pela primeira vez em dezembro na metrópole chinesa de Wuhan. Surgiu provavelmente em um mercado que vendia animais exóticos para o consumo humano, e Pequim tentou esconder as notícias, inclusive detendo o médico que soou o alarme.

Mas a China tentou contrariar sua resposta inicial à COVID-19, com a visita do presidente Xi Jinping a Wuhan, na semana passada, para anunciar o êxito em conter o surto.

A China enviou equipes médicas para a Itália, o segundo país mais afetado, e para a Espanha, destacando que seu modelo autoritário foi decisivo para deter a disseminação.

Também usou a crise para atacar os Estados Unidos que, desde que Trump chegou ao poder, tenta combater a influência de Pequim em todas as áreas.

Um artigo do jornal estatal chinês Global Times sugeriu que a China pode parar as exportações de máscaras faciais e outros equipamentos médicos, se Washington continuar pressionando contra a expansão da gigante tecnológica Huawei.

China e Rússia também promoveram teorias infundadas de conspiração para desacreditar os Estados Unidos.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por