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Ameaça do coronavírus paira sobre peregrinação a Meca

Faltando algumas semanas para a grande peregrinação a Meca, a Arábia Saudita enfrenta uma decisão difícil: limitar o número de peregrinos, ou anular o "hajj", uma das maiores aglomerações de pessoas no mundo, devido à pandemia de COVID-19?O reino ainda não tomou uma decisão sobre o hajj, a peregrinação prevista para o final de julho

AFP
16/06/2020 às 10:06.
Atualizado em 27/03/2022 às 17:02

Faltando algumas semanas para a grande peregrinação a Meca, a Arábia Saudita enfrenta uma decisão difícil: limitar o número de peregrinos, ou anular o "hajj", uma das maiores aglomerações de pessoas no mundo, devido à pandemia de COVID-19?

O reino ainda não tomou uma decisão sobre o hajj, a peregrinação prevista para o final de julho.

Em 2019, a peregrinação que todo o muçulmano deve realizar pelo menos uma vez na vida, se tiver os meios para fazê-lo, reuniu 2,5 milhões de fiéis.

Tal aglomeração parece descartada este ano.

No final de março, Riade pediu aos países muçulmanos - encarregados de selecionar os peregrinos, pagar antecipadamente por seus custos de acomodação e transporte etc. - que adiassem os preparativos.

A decisão sobre o hajj "será tomada e anunciada em breve", disse uma autoridade saudita.

País muçulmano mais populoso do mundo, a Indonésia tomou a "amarga e difícil" decisão de renunciar ao hajj, assim como Malásia e Singapura.

O Senegal suspendeu "todas as formalidades de viagem" para os peregrinos. Outros países, como Egito, Marrocos, Turquia e Líbano, ainda aguardam uma decisão da Arábia Saudita.

Na França, o Conselho Francês Muçulmano pediu aos fiéis que "adiem" sua peregrinação para 2021.

Devido à proximidade entre os peregrinos, o hajj pode se tornar um enorme vetor de transmissão da COVID-19.

Qualquer decisão de limitar, ou anular, o hajj pode aumentar, porém, a raiva dos muçulmanos que acreditam que a religião deve estar acima dos problemas de saúde.

E a Arábia pode acabar sendo questionada sobre seu papel como guardiã dos lugares sagrados do Islã, uma fonte de legitimidade política dentro e fora do reino.

Vários incidentes mortais - incluindo um pisoteamento que causou 2.300 mortes em 2015 - já geraram críticas à administração do hajj por parte de Riade.

"O atraso em anunciar sua decisão mostra que a Arábia pesa as consequências políticas da anulação do hajj, ou da redução de sua magnitude", diz Umar Karim, pesquisador do Royal United Services Institute, de Londres.

"Estão ganhando tempo. Se os sauditas disserem no último minuto que estão prontos para o hajj, muitos países não estarão preparados para participar", comentou uma autoridade de um país do sul da Ásia.

Como vários voos internacionais foram suspensos, um hajj seria possível apenas com fiéis residentes na Arábia Saudita, acrescenta.

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