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América Latina deve controlar coronavírus para reativar economia, advertem Cepal e Opas

Região do mundo com mais casos do novo coronavírus, a América Latina não conseguirá reativar sua economia se não conseguir frear os contágios - advertiram nesta quinta-feira (30) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)

AFP
30/07/2020 às 18:37.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:57

Região do mundo com mais casos do novo coronavírus, a América Latina não conseguirá reativar sua economia se não conseguir frear os contágios - advertiram nesta quinta-feira (30) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Em relatório conjunto, estes órgãos das Nações Unidas enfatizam que a redução das infecções requer liderança, coordenação e a integração de políticas sanitárias, econômicas e sociais.

Ao apresentarem o relatório, a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, e a diretora da Opas, Carissa Etienne, destacaram que, sem saúde, não há economia que funcione.

"Os países devem evitar pensar que devem escolher entre reabrir as economias e proteger a saúde e o bem-estar de seus povos. Esta, de fato, é uma escolha falsa", disse Etienne. "Vimos várias vezes que a atividade econômica completa não pode ser retomada, a menos que tenhamos o vírus sob controle. E tentar fazê-lo de outro modo coloca vidas em risco e amplia a incerteza causada pela pandemia", enfatizou.

"Não há reativação possível sem um plano claro que evite o aumento dos contágios a partir de testes, rastreios e confinamentos", indicou, por sua vez, Alicia Bárcena. Além disso, os países precisam tomar medidas para minimizar os efeitos sobre a renda e a capacidade de produção.

Alicia sugeriu períodos de carência em créditos às pequenas e médias empresas, políticas fiscais e monetárias expansivas, e acesso ao financiamento em condições favoráveis para países de renda média, em particular para o Caribe, muito afetado, também, pelos efeitos das mudanças climáticas.

- 6% do PIB em saúde -

O relatório "Saúde e economia: uma convergência necessária para enfrentar a Covid-19 e retomar o caminho rumo ao desenvolvimento sustentável em América Latina e Caribe" apresenta o alto impacto da pandemia sobre a região, uma das mais desiguais do mundo.

Segundo a Cepal e Opas, o golpe é mais forte, uma vez que os países são particularmente vulneráveis, devido a seus altos níveis de informalidade no trabalho (54%), pobreza e desigualdade, e à fragilidade de seus sistemas de saúde e seguro social. Além disso, sofrem com a superlotação urbana, falta de serviços básicos, como abastecimento de água, e problemas ambientais.

Por estes motivos, apontaram que para favorecer a reativação e reconstrução, é necessário um aumento nos gastos fiscais. O gasto público destinado à saúde deve, segundo elas, alcançar pelo menos 6% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto atualmente está em uma média de 3,7%.

Dos mais de 17 milhões de casos registrados no mundo desde o surgimento do vírus, na China, em dezembro, a América Latina e o Caribe são a região do planeta com o maior número: 4,6 milhões. Além disso, somam mais de 192.000 mortos entre os 668.000 registrados no mundo, de acordo com um balanço da AFP com base em dados oficiais.

Segundo dados da Opas, os 52 países e territórios da região registraram, em média, mais de 140 mil novos casos diários de Covid-19 na última semana. Cepal e Opas indicaram que "os países do Caribe conseguiram controlar a pandemia com mais rapidez, enquanto, no restante da região, "os níveis de contágio continuam sem diminuir".

Para 2020, a Cepal prevê uma contração de 9,1% do PIB regional e uma taxa de desemprego de 13,5% (44 milhões de desempregados, 18 milhões a mais do que em 2019). Além disso, prevê um aumento do índice de pobreza de 7 pontos percentuais, atingindo 37,3% da população (231 milhões no total, com 45 milhões de novos pobres), e antecipa que a desigualdade irá se acentuar, com uma alta média no índice de Gini de 4,9 pontos percentuais de 2019 a 2020.

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