INTERNACIONAL

Americanos compram armas antes das eleições

De áreas rurais a grandes metrópoles, um frenesi de compra de armas está varrendo os Estados Unidos, um reflexo da crescente angústia com a pandemia, com a violência e com um clima político tenso

AFP
07/10/2020 às 14:15.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:53

De áreas rurais a grandes metrópoles, um frenesi de compra de armas está varrendo os Estados Unidos, um reflexo da crescente angústia com a pandemia, com a violência e com um clima político tenso.

Com o abafador de som no ouvido e os pés afastados, Brenda Dumas aponta sua nova pistola para um alvo de papelão. "Atire", ordena o instrutor. Os tiros ecoam na academia de tiro de Boondocks Firearms em Jackson, no estado do Mississippi, no sul do país.

"Quero ser capaz de me proteger", explica a mulher branca de 60 anos que acabou de comprar sua primeira arma e convenceu o marido a fazer um curso de tiro.

"Sinto-me um pouco menos segura por causa da violência que se vê na televisão" e da qual "discordo filosoficamente", explicou à AFP.

Desde a morte em maio do cidadão negro George Floyd sufocado por um policial branco, os Estados Unidos têm sido palco de uma onda de protestos anti-racistas, às vezes violentos.

O presidente Donald Trump denuncia o caos orquestrado pela extrema esquerda e promete restaurar a "lei e a ordem" se ganhar um segundo mandato nas eleições de 3 de novembro.

"Manifestar-se é um direito. Essas pessoas não criam o caos", retruca um afro-americano matriculado na mesma academia de Dumas. "Temos um presidente que em vez de diminuir a tensão aumenta", afirma após pedir para não ser identificado.

Neste período complicado em que milícias de extrema direita procuram desafiar os manifestantes, ele também considera normal completar seu arsenal com uma pistola, mais fácil de transportar do que seus rifles.

A aproximadamente 2.000 km de distância, em Nova York, clientes esperam do lado de fora da loja de armas do Coliseum Gun Traders, sempre cheio de gente.

"Até recentemente, as armas de fogo não faziam parte do meu estilo de vida", explica Al Materazo, que foi comprar munições. Devido à pandemia, em fevereiro ele adquiriu seu primeiro rifle.

"Imediatamente pensei que as pessoas perderiam o emprego, que haveria menos dinheiro e os roubos aumentariam", explica. "Eu queria ser capaz de proteger minha família", justifica.

Depois, este homem branco de 40 anos comprou uma segunda arma devido ao "clima político e distúrbios".

Na calçada de Long Island, o latino Edwin Tavares, de 51, aponta outro fator preocupante: o aumento da criminalidade em Nova York, onde os homicídios aumentaram 40% nos primeiros nove meses do ano e os tiroteios, 91%.

"Com o apelo à redução dos fundos da polícia e a difamação dos agentes" ouvidas nas manifestações "parece que agora está nas nossas mãos combater o crime", lamenta Tavares.

Dentro da loja de armas, seu dono, Andrew Chernoff, não para de ver os clientes entrarem.

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