INTERNACIONAL

Angústia persiste na Itália apesar de aparente desaceleração dos contágios

A Itália registrou um aparente abrandamento nas infecções por coronavírus por três dias, mas a angústia persiste: o norte, onde o surto começou, teme que os números oficiais sejam subestimados, enquanto no sul há medo de uma "explosão" de casos

AFP
26/03/2020 às 15:28.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:23

A Itália registrou um aparente abrandamento nas infecções por coronavírus por três dias, mas a angústia persiste: o norte, onde o surto começou, teme que os números oficiais sejam subestimados, enquanto no sul há medo de uma "explosão" de casos.

Em alguns municípios do norte, como o pequeno povoado de Nembro, perto de Bérgamo, o número de mortos em três meses foi de 158, quase cinco vezes a média anual de 35.

A tendência que se repete em outros municípios dessa próspera região, onde há seis vezes mais mortes do que nos anos anteriores.

"Os dados não são agradáveis nesta quinta-feira. Registramos mais de 2.500 casos de contágio, mais do que nos dias anteriores", reconheceu Attilio Fontana, presidente da região da Lombardia, durante o encontro diário com a imprensa.

"Nos damos mais dois a três dias para analisar os dados e entender se as medidas tomadas foram eficazes. Esperamos que eles comecem a diminuir", acrescentou.

O prefeito de Brescia, Emilio del Bono, no comando de outra das cidades mais atingidas, confessou no dia anterior que teme que o número de infecções seja muito maior do que oficialmente.

"Há pessoas doentes em suas casas e não sabemos como elas são", alertou.

Em Bergamo, outra cidade martirizada, comove a imagem dos comboios militares que atravessam a cidade todos os dias para transportar corpos para outras regiões onde podem ser cremados porque o cemitério local está com sua capacidade esgotada. Algo assim não era visto na península desde a Segunda Guerra Mundial.

Com 7.503 mortes e quase 75.000 casos, de acordo com o último boletim da quarta-feira, a Itália continua sendo o país mais cruelmente atingido.

Estes são números oficiais que incluem mortes em hospitais e em residências para idosos, disse a Defesa Civil.

O renomado virologista italiano Roberto Burioni considera que o número de pessoas infectadas "não é confiável" porque não leva em consideração os casos de pacientes assintomáticos.

Esse é o grande medo do governador da região da Campânia, cuja capital é Nápoles, que se prepara para uma dramática "explosão" de casos no sul pobre e subdesenvolvido da península. "Aqui se experimentará um verdadeiro inferno nos próximos 10 dias", disse Vincenzo De Luca.

Na Campânia, o número de mortos aumentou de 29 para 74 em três dias. No sul, o sistema de saúde é muito mais frágil do que na Lombardia.

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