Setor Industrial

Aos 95 anos, Ciesp foi a base para a industrialização de São Paulo

O diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp Piracicaba), Fabio Ramos Vitti, é o entrevistado desta semana do videocast Diálogos da Gazeta

Romualdo Cruz Filho
17/04/2023 às 09:16.
Atualizado em 17/04/2023 às 09:16
Fabio Ramos Vitti (dir.) esteve no estúdio da Gazeta conversando com o jornalista Romualdo Cruz Filho (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Fabio Ramos Vitti (dir.) esteve no estúdio da Gazeta conversando com o jornalista Romualdo Cruz Filho (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

O diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp Piracicaba), Fabio Ramos Vitti, em entrevista ao videocast da Gazeta, Diálogos, falou sobre o desenvolvimento da entidade ao longo de sua história. Fundada no dia 28 de março de 1928, o Ciesp-SP completou 95 anos e é considerado um marco para a industrialização do Estado. "Mais do que formalizar propostas, o Ciesp nasceu para mudar métodos e modelos de pensamentos bastante arraigados no país", diz Vitti. 

Assista a entrevista de Vitti ao Diálogos aqui: https://youtu.be/CSXts0Hg2gg.

Segundo ele, a 1ª Grande Guerra (1914-1918) gerou imensas dificuldades de importação e, com elas, surgiram as condições para um crescimento exponencial do setor industrial, que precisava ser menos vulnerável à dinâmica internacional. O número de indústrias em São Paulo saltou então de 314, em 1907, para 4.458 no ano de 1920.
A criação do Ciesp foi marcada pela presença dos grandes industriais de São Paulo.

O evento ocorreu em uma reunião no Clube Comercial, na época localizado na rua São Bento, nº 47. Os fundadores instalaram uma diretoria provisória, presidida por Jorge Street, enquanto se providenciava a redação dos estatutos e a escolha da primeira diretoria permanente. 

A escolha do cargo principal ficou com o então maior industrial do país: o Conde Francisco Matarazzo. O segundo cargo em importância foi um jovem de 39 anos, Roberto Simonsen. Os demais cargos da primeira diretoria contaram com a participação de representantes das principais empresas e ideias do momento, entre eles: Horácio Lafer, José Ermírio de Moraes e Antonio Devisate. Como convinha, a solenidade de posse, no primeiro dia do mês de junho, foi presidida por Júlio Prestes, então governador de São Paulo.

"Neste momento, diz Vitti, "estamos lutando com as autoridades federais, estaduais, municipais e o parlamento para que o país tenha uma política industrial condizente com sua dinâmica, com redução de impostos, linhas de crédito com juros menores, desoneração dos investimentos e exportações, tudo com segurança jurídica, promovendo a tecnologia e estimulando as pequenas empresas", observa o diretor titular. 

Ele cita como exemplo da mudança no cenário empresarial. A indústria de transformação, que chegou a representar 25% do PIB, hoje significa apenas 11,3%. "Porém, arca com o maior volume no bolo tributário total, em torno de 30%. Tal desproporção afetou muito sua capacidade de investimento. Nossa atividade é submetida a elevados impostos. Estamos firmes na defesa dos interesses da indústria e dos nossos mais de oito mil associados, conforme informou recentemente o presidente estadual da entidade Rafael Cervone".
55 anos do 

Ciesp Piracicaba

A regional do Ciesp Piracicaba já teve cinco Delegados e nove diretores até o presente, sendo o atual, Fabio Ramos Vitti. Sua fundação se deu no dia 6 de junho de 1968, nos salões de festas do Clube Coronel Barbosa, com a presença de João Passos, representando a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, bem como de industriais, autoridades e convidados.

Sob a presidência de Passos, deu-se o início aos trabalhos programados, e foram convidadas para participar da mesa as seguintes pessoas: João Tacla, presidente do Clube Cel. Barbosa, Pedro Pereira Santos Júnior, presidente da Associação Comercial e Industrial, Fortunato Losso Neto, diretor do Jornal de Piracicaba, Francisco Antonio Coelho, presidente da Câmara Municipal, Nélio Ferraz de Arruda, vice-prefeito, Carlos Sachs, presidente do Rotary Clube e os industriais Caio Paes de Barros, Fued Helou Kraide. 

Vitti ressalta a importância da entidade no trabalho do dia a dia do setor. "Na capital e no interior, são 42 unidades, com expressiva presença na defesa de políticas favoráveis, prestação de serviços e geração de negócios, oferecendo atendimento focado nas necessidades das indústrias de cada região. As indústrias associadas ao Ciesp contam com assessoria especializada para desenvolvimento de seus negócios, como apoio jurídico coletivo, emissão de certificados de origem para exportação, certificado digital, cursos, seminários e treinamentos, rodadas de negócios, destaque industrial, meio ambiente, infraestrutura, eventos, feiras, publicações diversas, inteligência de mercado, grupos de trabalho, entre outros".

Qual avaliação do cenário do setor industrial para este ano?
Um cenário de incertezas, pois existem muitos fatores que precisam ser ajustados para que o país volte a crescer, tais como a reforma tributária, taxa de juros adequada ao estímulo de investimentos, segurança jurídica, oferta de crédito; baixa capacidade de investimento governamental, déficit orçamentário que precisa ser ajustado etc.

Destacamos nossas exportações como positivas, principalmente as do agronegócio. Faturamento com as vendas de produtos em 2022 representou aproximadamente 47% das exportações totais do País e contribuiu decisivamente para um superávit comercial, que ficou na casa de US$ 60 bilhões, conforme dados do Cepea.

No campo das dificuldades, temos as barreiras para obtenção de crédito e alta taxa de juros, incertezas de curto e médio prazo e insegurança jurídica, basicamente.

Como vocês avaliam a criação da RMP?
A Região Metropolitana de Piracicaba (RMP) é integrada por 24 municípios, que reúnem 1.510.144 habitantes, segundo estimativa da Fundação Seade para 2020.

A RMP tem participação de 3,42% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual, e se destaca como importante polo regional de desenvolvimento industrial e agrícola. Seu diversificado parque industrial concentra empresas nacionais e multinacionais, principalmente dos setores sucroalcooleiro e metalomecânico, além de indústrias de alimentos, bens de capital, cerâmica, agroindústria e metalurgia.

O governo local (Luciano Almeida) tem feito o seu papel?
Se avaliarmos pela questão econômica na atração de novos investimentos e também pela geração de novos empregos com certeza está caminho certo. Conforme dados do Fiesp do Investe São Paulo, em 2022, Piracicaba teve investimentos anunciados no valor de R$ 3,4 bilhões. Na questão de novos empregos dados do Caged indicam que em 2021 houve um saldo de 7.486 novos postos; Em 2022, o saldo foi de 6.643. Em 2023 janeiro e fevereiro, o saldo foi de 2.048, totalizando 16.177, novos postos de trabalho.

Lógico que existem problemas a serem resolvidos, porém temos que lembrar que estivemos dentro de uma pandemia entre 2020 e até aproximadamente metade de 2022 e isso dificultou um pouco as coisas. Ainda estamos vivenciando essa situação, pois os esforços tiveram que ser multiplicados para muitas questões na área de saúde, educação, transporte entre outros, para dar conta disso.

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