INTERNACIONAL

Após 39 semanas de protestos, os anti-Netanyahu vão às urnas

Há quase um ano, Erez Yalon passa dia e noite em frente à casa de Benjamin Netanyahu, protestando contra o primeiro-ministro israelense, que está em campanha para as eleições legislativas de 23 de março

AFP
15/03/2021 às 11:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 08:59

Há quase um ano, Erez Yalon passa dia e noite em frente à casa de Benjamin Netanyahu, protestando contra o primeiro-ministro israelense, que está em campanha para as eleições legislativas de 23 de março.

Erez se instalou em Jerusalém, onde dezenas de milhares de manifestantes se reúnem todos os sábados depois do sabbat, desde junho de 2020, para protestar contra Benjamin Netanyahu, a quem acusam de "corrupção".

Alguns gritam "Yalla lekh Bibi!" ("Vamos, saia daqui Bibi!") ao primeiro-ministro e depois vão para casa, mas Erez vive unicamente pela causa.

Quase cego por uma doença degenerativa, este ex-agricultor de 55 anos, que trabalhou em fábricas de frango após se arruinar há 20 anos, sai toda semana de sua cidade de Pri Gan, no leste de Israel e a poucos quilômetros de Gaza e da fronteira egípcia, para vir à cidade, a 140 km de distância.

Em sua cidade de campos verdes e pomares de tangerinas, Benjamin Netanyahu é o rei. E Erez não consegue entender.

"Me decepciona que as pessoas não se oponham a ele. Tem toda essa gente que grita "Bibi é um rei", que reza por ele, que o considera um deus, que acredita em tudo o que ele diz", lamenta.

Alguns culpam Netanyahu pela falta de ajuda aos trabalhadores que perderam seu emprego por causa da pandemia de coronavírus, já outros pela sua gestão autoritária das empresas.

Para Erez, "tudo é questão de corrupção". Benjamin Netanyahu "deveria estar sentado no tribunal e não na cadeira de primeiro-ministro", afirma.

No poder de forma ininterrupta desde 2009, Netanyahu é o único chefe de governo em funções na história de Israel indiciado por este tipo de acusação em três casos, ou até mesmo quatro, segundo os manifestantes, que pedem que ele seja processado por suspeitas de suborno na compra de submarinos alemães.

Apesar dessas semanas de cólera, Netanyahu continua à frente nas intenções de voto para as eleições legislativas de 23 de março, as quartas em menos de dois anos.

Mas seu reinado está ameaçado pela ascensão dos partidos de centro e de esquerda.

"As manifestações fizeram algumas pessoas perceberem que existe um movimento, que não estão sozinhas e isoladas, mas ainda é difícil de quantificar", disse à AFP a cientista política Dahlia Scheindlin.

Nas três eleições anteriores, Erez votou no centrista Benny Gantz, atual ministro da Defesa. No entanto, quando no início de 2020 o ex-chefe do Exército se juntou com Netanyahu para formar um governo de unidade, ele se sentiu "traído."

Desta vez, votará na nova líder do Partido Trabalhista de esquerda, Merav Michaeli.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por