INTERNACIONAL

Após 60 anos de Yuri Gagarin, Rússia fica pra trás na conquista espacial

Sessenta anos após o voo espacial de Yuri Gagarin, a Rússia tem grandes planos, mas a realidade é outra, e a ambição se limita a aplicações militares

AFP
07/04/2021 às 11:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 01:03

Sessenta anos após o voo espacial de Yuri Gagarin, a Rússia tem grandes planos, mas a realidade é outra, e a ambição se limita a aplicações militares.

A nova espaçonave reutilizável da Rússia, que deve deixar a órbita da Terra e substituir a Soyuz, mudou seu nome três vezes desde o lançamento do projeto em 2009. Mas "Federação", "Oriol" e "Orlionok" nunca voaram.

"A meta é realizar o primeiro lançamento sem piloto em 2023. Começamos a testar os modelos da nave", explica à AFP Alexandre Kaleri, ex-cosmonauta e chefe do centro de voos da empresa responsável pelo projeto, RKK Energuia.

"É uma etapa bastante longa", admite ele, do museu que recorda as horas de glória da conquista espacial soviética, com suas maquetes de Soyuz, da estação Mir e de Vostok, a cápsula que levou Gagarin ao espaço em 12 de abril de 1961.

O especialista Vitali Egorov explica esta lentidão pelas "dificuldades tecnológicas, as sanções ocidentais contra a indústria espacial russa e a falta de financiamento", de modo que, no final, "enquanto a Soyuz voar, não há necessidade de construir um nova nave espacial".

Desde 2020, porém, a Rússia perdeu o monopólio dos voos para a Estação Espacial Internacional (ISS), competindo com foguetes e espaçonaves reutilizáveis da SpaceX, empresa de Elon Musk, contratada pela NASA.

A Roscosmos, a agência espacial russa, sofreu uma grande perda de receita, enquanto seu projeto para um novo lançador Angara-A5 está em andamento.

A ideia remonta à década de 1990, mas voou apenas duas vezes, a título experimental: em 2014 e em 2020.

Outro exemplo é o módulo de ciências para a Estação Espacial Internacional, cuja montagem começou na década de 1990. Uma infinidade de tropeços impediu, no entanto, que fosse colocado em órbita.

Agora Moscou planeja um lançamento em julho, e Kaleri espera que a vida útil da ISS seja estendida para além de 2024, de modo que este laboratório possa ser útil.

Para Dmitri Rogozina, chefe nacionalista e antiocidental da Roscosmos, no entanto, a Rússia pode trazer amostras de Vênus e inventar um foguete capaz de 100 viagens de ida e volta entre a Terra e o espaço.

"Rogozina promete (ao presidente russo) Vladimir Putin ir para a Lua, Marte, ou Vênus, mas suas promessas são todas para 2030, quando nenhum dos dois estará no poder", comenta um ex-funcionário da Roscosmos, que pediu anonimato.

Para os observadores, a realidade é que não há ambição por projetos científicos.

"A prioridade do Kremlin são os projetos militares, sobretudo, o desenvolvimento de mísseis", observa o especialista em espaço Vadim Lukaschevich.

Sempre que surge uma oportunidade, Putin elogia os mísseis hipersônicos que podem atingir o inimigo como "meteoritos".

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