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Após a guerra, a difícil vida dos deslocados de Nagorno-Karabakh

A 200 quilômetros de sua terra, parentes, amigos e vizinhos de Arman Sarkisian, que morreu há três meses em Nagorno-Karabakh, se reúnem em um cemitério militar de Yerevan para um último adeus, dois dias depois que seus pais identificaram seu corpo

AFP
04/03/2021 às 08:55.
Atualizado em 22/03/2022 às 10:05

A 200 quilômetros de sua terra, parentes, amigos e vizinhos de Arman Sarkisian, que morreu há três meses em Nagorno-Karabakh, se reúnem em um cemitério militar de Yerevan para um último adeus, dois dias depois que seus pais identificaram seu corpo.

Hadrut, uma pequena cidade de 4.000 habitantes de onde todos eles vieram, ficou sob o controle do Azerbaijão após a derrota da Armênia na guerra de setembro-novembro pelo controle deste enclave separatista.

Para se reunir e se despedir do jovem de 20 anos, cujo corpo foi entregue recentemente, só tinham este cemitério com vista para a capital armênia, longe de sua Hadrut natal.

"É aqui que as pessoas se reúnem agora. No funeral de nossos filhos", lamenta Margarita Karamian. Atrás dela, a música de uma banda militar cobre os soluços de homens e mulheres de luto.

"Sua família também gostaria de enterrá-lo em Hadrut, mas agora isso é impossível", acrescenta a mulher de 58 anos.

Entre os moradores de Nagorno-Karabakh refugiados na Armênia, muitos como ela agora temem nunca mais poder voltar para suas casas.

O cessar-fogo, assinado após seis semanas de combates sob mediação de Moscou, concedeu ganhos territoriais significativos a Baku em uma região marcada pela primeira guerra da década de 1990, que deixou centenas de milhares de refugiados.

No outono, Margarita Karamian e o resto dos habitantes de Hadrut fugiram com algumas roupas, deixando para trás suas casas e quase todos os seus pertences.

Agora, vive com o marido, o filho e a família deste último em um apartamento que eles alugam em Yerevan. E todos devem aprender a começar do zero.

"No início, pensávamos que sairíamos apenas temporariamente", acrescenta Karamian.

A maioria se instalou em ou ao redor de Yerevan. Alguns decidiram viver em Nagorno-Karabakh, em territórios ainda sob o controle da Armênia, mas outros emigraram para a Europa ou a Rússia.

Embora o governo armênio conceda ajuda mensal aos deslocados, Margarita Karamian teme que isso não vá durar.

"Vivemos na incerteza. Não sabemos o que o futuro nos reserva", confessa.

Vajan Savadian, de 35 anos, tornou-se prefeito sem cidade.

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