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Após Maduro consolidar o poder com Parlamento de Guaidó, o que vem a seguir na Venezuela?

A elevadíssima abstenção nas eleições legislativas de domingo não impediu que o presidente Nicolás Maduro tenha conquistado o Parlamento venezuelano, consolidando ainda mais seu poder e deixando o líder opositor Juan Guaidó sem seu principal bastião de luta

AFP
07/12/2020 às 15:19.
Atualizado em 24/03/2022 às 03:26

A elevadíssima abstenção nas eleições legislativas de domingo não impediu que o presidente Nicolás Maduro tenha conquistado o Parlamento venezuelano, consolidando ainda mais seu poder e deixando o líder opositor Juan Guaidó sem seu principal bastião de luta.

Guaidó, que se declarou presidente encarregado da Venezuela na unicameral Assembleia Nacional, não reconheceu o processo e nesta segunda-feira (7) iniciou um plebiscito para estender sua legislatura.

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Com uma participação de 31%, segundo o primeiro boletim, estas eleições parlamentares têm um dos percentuais de abstenção mais elevados da era democrática venezuelana, iniciada em 1958.

A ausência de dois terços da população eleitoral contrasta com a participação de 71%, registrada nas legislativas passadas, quando a oposição quebrou 15 anos de hegemonia chavista em 2015.

Na ocasião, a oposição majoritária pediu o boicote do processo, tachado de "fraude" depois que a justiça nomeou novos reitores eleitorais, uma atribuição do Parlamento, e também entregou as direções dos principais partidos a adversários de Guaidó.

"Não tinham como não se abster, nem tinham partidos políticos", explicou à AFP Benigno Alarcón, diretor do Centro de Estudos Políticos e de Governo da Universidade Católica Andrés Bello.

No entanto, o presidente da empresa Datanálisis, Luis Vicente León, não atribui a abstenção ao boicote opositor, mas a uma "desconfiança nacional com o setor político", tuitou.

Para o analista político Rafael Álvarez, trata-se de uma "reedição" das presidenciais de maio de 2018, quando Maduro foi reeleito, com 67,7% dos votos, em meio a uma abstenção de 52%.

Então, os grandes partidos da oposição se abstiveram alegando falta de garantias e posteriormente as denunciaram como fraudulentas junto à comunidade internacional, que apoiou o movimento de Guaidó de se proclamar presidente encarregado para pôr fim à "usurpação" do presidente socialista.

Maduro "precisava tirar a pedra do sapato", conquistando o Legislativo opositor, disse Álvarez.

O governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus aliados concentraram 67,6% dos 5.264.104 votos apurados segundo um primeiro boletim da autoridade eleitoral, que ainda não deu um balanço da distribuição dos assentos.

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