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Arce assumirá as rédeas de uma Bolívia polarizada e em crise econômica

O esquerdista Luis Arce assumirá as rédeas de uma Bolívia polarizada e em crise econômica, após obter uma vitória contundente nas urnas neste domingo, que abre as portas para o retorno ao país de seu mentor político, Evo Morales

AFP
19/10/2020 às 21:49.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:03

O esquerdista Luis Arce assumirá as rédeas de uma Bolívia polarizada e em crise econômica, após obter uma vitória contundente nas urnas neste domingo, que abre as portas para o retorno ao país de seu mentor político, Evo Morales.

Apesar da ausência de resultados oficiais significativos até o momento, devido ao avanço lento da apuração dos votos, as projeções que davam a vitória a Arce foram reconhecidas por seus adversários.

"A Bolívia recuperou a democracia. Quero afirmar, sobretudo aos bolivianos, recuperamos as esperanças", disse Arce, chamado por seus seguidores de "Lucho" em uma entrevista coletiva ao lado de seu vice-presidente, David Choquehuanca, que foi chanceler de Morales (2006-2019).

- "Voz de Deus" -

De seu exílio em Buenos Aires, Morales expressou nesta segunda-feira que "cedo ou tarde" voltará à Bolívia, o país com a maior proporção de população indígena da América Latina (41%). "O meu maior desejo é voltar à Bolívia e entrar em minha região. É questão de tempo", afirmou Morales, que tem ordem de prisão pendente na Bolívia por suposto "terrorismo".

O ex-presidente conservador Jorge Quiroga, que, como a presidente interina, Jeanine Añez, retirou sua candidatura a alguns dias da eleição para facilitar uma frente anti-Morales, tuitou: "Duro amanhecer para os que lutamos por 15 anos" contra o ex-presidente do Movimento ao Socialismo (MAS).

No entanto, para José Carlos Quispe, um trabalhador de 52 anos, "esses dez meses (de governo de Añez) mostraram ao povo que a direita é inoperante, inútil para governar". "O povo decidiu, e a voz do povo é a voz de Deus, não?", questionou.

Líderes latinos, como o argentino Alberto Fernández, o venezuelano Nicolás Maduro e o peruano Martín Vizcarra, além de representantes de órgãos internacionais, como OEA e ONU, saudaram a vitória de Arce.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, destacou que as eleições foram "pacíficas e altamente participativas", e convocou os bolivianos a se comprometerem "com a democracia, o respeito aos direitos humanos e a reconciliação nacional".

"O presidente Trump e os Estados Unidos esperam trabalhar com o governo eleito boliviano nos interesses compartilhados de nossos cidadãos", disse o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Michael Kozak.

Arce também recebeu felicitações de Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), entidade cujo relatório sobre as eleições de 2019 estimulou protestos que levaram à renúncia de Morales, após uma polêmica nova reeleição. "O povo da Bolívia se expressou nas urnas. Parabenizamos Luis Arce e (o futuro vice-presidente) David Choquehuanca, desejando sucesso em seus trabalhos futuros", disse Almagro no Twitter.

De acordo com o canal de televisão Unitel, Arce venceu no primeiro turno da eleição presidencial com 52,4% dos votos, contra 31,5% de Mesa. A fundação "Jubileo" aponta Arce com 53% dos votos e Mesa com 30,8%.

O Supremo Tribunal Eleitoral indicou hoje que o novo presidente deverá assumir o cargo na primeira quinzena de novembro.

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