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Arce assumirá o governo de uma Bolívia polarizada e em crise econômica

O esquerdista Luis Arce, idealizador do milagre econômico do governo de Evo Morales, assumirá o governo de uma Bolívia polarizada e em crise econômica, após uma vitória contundente nas urnas no domingo, de acordo com as projeções de dois institutos privados

AFP
19/10/2020 às 09:05.
Atualizado em 24/03/2022 às 13:38

O esquerdista Luis Arce, idealizador do milagre econômico do governo de Evo Morales, assumirá o governo de uma Bolívia polarizada e em crise econômica, após uma vitória contundente nas urnas no domingo, de acordo com as projeções de dois institutos privados.

Apesar da ausência de resultado oficial, com o avanço lento da apuração dos votos, Arce e Morales proclamaram vitória na noite da eleição, o que foi reconhecido pela presidente interina de direita, Jeanine Áñez, que sucedeu o primeiro presidente indígena da Bolívia quando ele renunciou há 11 meses durante uma convulsão social.

"A Bolívia recuperou a democracia. Quero afirmar, sobretudo aos bolivianos, recuperamos as esperanças", disse Arce, chamado por seus seguidores de "Lucho" em uma entrevista coletiva ao lado de seu vice-presidente, David Choquehuanca, que foi chanceler de Morales (2006-2019).

"Lucho será nosso presidente (...) Ele devolverá à nossa pátria o caminho do crescimento econômico", disse Morales em seu exílio na Argentina.

Jeanine Añez, grande inimiga do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido de Morales, admitiu rapidamente a vitória de Arce.

"Ainda não temos o cômputo oficial, mas pelos dados que recebemos o Sr. Arce e o Sr. Choquehuanca venceram a eleição. Felicito os vencedores e peço que governem pensando na Bolívia e na democracia", escreveu no Twitter.

Mas o principal rival do economista, o ex-presidente centrista Carlos Mesa (2003-2005), permanece em silêncio e seu porta-voz, Ricardo Paz, afirmou que pretendem "esperar com paciência e com tranquilidade" o resultado da lenta apuração do Tribunal Supremo Eleitoral.

De acordo com o canal de televisão Unitel, Arce venceu no primeiro turno da eleição presidencial com 52,4% dos votos, contra 31,5% de Mesa.

A fundação "Jubileo" aponta Arce com 53% dos votos e Mesa com 30,8%.

As duas pesquisas acabaram com o clima de incerteza que imperava no país sete horas após o fim da votação, sem que as autoridades eleitorais anunciassem os resultados preliminares.

Arce e Mesa eram os candidatos favoritos para a eleição, que aconteceram de maneira tranquila, apesar dos temores de repetição dos incidentes registrados após a votação de outubro de 2019, anulada por denúncias de fraude e que terminou com a renúncia de Evo Morales.

As autoridades eleitorais decidiram suprimir nesta eleição a apuração rápida, baseada na transmissão das atas dos colégios eleitorais por foto.

Economista de 57 anos, Arce estudou na estatal Universidade Maior de San Andrés em La Paz e fez mestrado na universidade britânica de Warwick.

Trabalhou por 18 anos no Banco Central, onde ocupou diversos cargos e foi ministro da Economia e Finanças por quase todo o período de governo de Morales, com uma pausa de 18 meses. Tem um perfil mais tecnocrata que político.

Durante a presidência de Morales, a Bolívia elevou o Produto Interno Bruto (PIB) de 9,5 bilhões de dólares anuais a 40,8 bilhões e reduziu a pobreza de 60% a 37%, de acordo com dados oficiais.

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