INTERNACIONAL

As espinhosas questões diplomáticas que aguardam Biden

A equipe de política externa do presidente eleito Joe Biden entrou em cena com promessas de retornar à cooperação internacional e aos valores democráticos após os caóticos quatro anos de Donald Trump

AFP
25/11/2020 às 19:18.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:28

A equipe de política externa do presidente eleito Joe Biden entrou em cena com promessas de retornar à cooperação internacional e aos valores democráticos após os caóticos quatro anos de Donald Trump.

O governo que tomará posse no dia 20 de janeiro já disse que sua maior prioridade é o combate à covid-19, mas também precisará enfrentar decisões em diversos assuntos mundiais.

Em seu último ano, o governo Trump deu uma guinada agressiva contra a China. Tachou como um fracasso os anos de comprometimento dos EUA com a segunda potência mundial e se envolveu em um grande confronto com Pequim, cujo governo ele culpou pela pandemia de covid-19.

Biden, que tem experiência diplomática nas relações com a China, concorda que os tempos mudaram e que a potência asiática deve ser tratada como concorrente.

No entanto, a equipe de Biden provavelmente vai moderar sua retórica. O secretário de Estado escolhido, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos serão muito francos em relação aos direitos humanos e outras questões, mas também buscarão áreas nas quais possam trabalhar junto com Pequim, como o combate à pandemia e as mudanças climáticas.

Em contrapartida, Biden promete assumir uma posição mais dura com a Rússia, cujo presidente Vladimir Putin é admirado por Trump. Essa abordagem de Biden inclui a imposição de custos a Moscou por sua suposta interferência nas eleições dos EUA e o apoio a grupos pró-democracia de Belarus, aliada da Rússia.

Mas, embora Biden provavelmente não fale em "reajustar" as relações, como fez o presidente Barack Obama, muitos especialistas acreditam que ele não tem outra escolha a não ser um acordo com a Rússia.

Um dos primeiros testes para Biden poderia ser o tratado Novo START, que limita o número de ogivas nucleares e expira em 5 de fevereiro. Os líderes democratas concordam com Putin em prorrogar esse tratado por um ano.

Biden defende que a diplomacia volte a reinar nas relações com o Irã, país que tem sido alvo de sanções de Trump, mas é preciso considerar que qualquer negociação com Teerã será difícil.

Biden, Irã e países europeus ainda apoiam o tratado de desnuclearização negociado por Obama, ao qual o governo de Teerã aderiu, até que Trump retirou os Estados Unidos do pacto.

Biden pede que o acordo seja mais severo e extenso, mas o Irã já está jogando duro. Advertiu que não revisará as condições e que não apenas buscará amenizar as sanções impostas por Trump, mas também quer que Washington indenize o país pelos prejuízos sofridos.

Como fator de pressão para ambos as partes estão as eleições presidenciais no Irã, que serão realizadas em junho. Os favoritos são adeptos da linha-dura que argumentam que Teerã errou ao confiar nos EUA.

Biden também alertou que será enérgico com a Arábia Saudita, um aliado tradicional de Washington que foi cortejado por Trump apesar de seu histórico questionável nos direitos humanos, que inclui o assassinato brutal do escritor Jamal Khashoggi.

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