INTERNACIONAL

As incertezas econômicas das federações após o adiamento de Tóquio-2020

Algumas federações esportivas internacionais, amplamente subsidiadas pelo COI, estão em dificuldades financeiras devido ao adiamento dos Jogos de Tóquio-2020 para 2021, mas também de suas próprias competições e poderão pedir ajuda pública

AFP
01/04/2020 às 16:28.
Atualizado em 31/03/2022 às 05:08

Algumas federações esportivas internacionais, amplamente subsidiadas pelo COI, estão em dificuldades financeiras devido ao adiamento dos Jogos de Tóquio-2020 para 2021, mas também de suas próprias competições e poderão pedir ajuda pública.

"A situação é tensa e sombria": a opinião de um dirigente de uma grande federação não é isolada.

Das 33 federações internacionais presentes nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, 28 devem receber apoio substancial do Comitê Olímpico Internacional (COI), mas o adiamento dos Jogos pode levar ao atraso desses pagamentos. Os cinco novos esportes (karatê, surf, skate, escalada e beisebol/softbol) do programa olímpico ficaram de fora.

O dinheiro olímpico, que alcançou um total de US$ 520 milhões nos Jogos do Rio-2016, "pode atingir o mesmo nível nos de Tóquio ou diminuir", diz Andrew Ryan, diretor geral da Associação das Federações Olímpicas Internacionais de Verão (Asoif), encarregado de distribuir esse dinheiro.

Classificadas em cinco grupos de acordo com o público e a importância, as federações recebem subsídios regressivos: cerca de US$ 40 milhões para as maiores (atletismo, natação e ginástica); 25 para o grupo 2 (ciclismo, basquete, vôlei, futebol e tênis); 17 milhões para 3 (boxe, remo, judô, tênis de mesa), 12 para 4 (vela, canoagem, esgrima...) e 7 para 5 (rugby, golfe, pentatlo moderno).

Para as maiores, como a Fifa (futebol), que tem US$ 1,5 bilhão ou a FIBA (basquete), que possui US$ 46 milhões em reserva, a ajuda do COI representa uma pequena proporção de sua renda, ínfima para a primeira. Para outras, é vital.

Para as federações como um todo, o adiamento dos Jogos tem um efeito dominó, que implica o reagendamento de suas próprias competições, das quais derivam a parte essencial de sua renda. É o caso do Mundial de Atletismo, que já anunciou o adiamento para 2022 da Copa do Mundo de Eugene (nos Estados Unidos).

A Federação Internacional de Natação (Fina) deve fazer o mesmo com sua Copa do Mundo programada para 2021 em Fukuoka (Japão).

"Uma edição da Copa do Mundo significa dez milhões de dólares para nós. Se essa receita for adiada total ou parcialmente por um ano, teremos grandes problemas, principalmente se o dinheiro do COI, programado para setembro próximo, não chegar", diz um líder da federação, que pediu para se manter anônimo.

A Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF), com sede em Cingapura, "decidiu reduzir suas despesas e seus altor dirigentes propuseram baixar seus salários", disse Matt Pound, diretor de marketing da entidade.

A ITTF, que observa que "a maior parte de sua receita vem de suas atividades comerciais e não da ajuda do COI", suspendeu suas competições até junho. "Isso se traduz em uma perda de lucro que nos coloca na imprensa financeira", acrescenta.

"O COI vai acabar ajudando, mas o que pesa mais é a incerteza sobre a realização de nossas competições e a manutenção ou não de nossos patrocinadores", acrescenta Kim Andersen, presidente dinamarquês da World Sailing (de vela).

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