Obras

Asfalto sem estrutura

Prefeitura tenta contratar uma empresa em caráter emergencial

Romualdo Cruz Filho
11/05/2022 às 07:52.
Atualizado em 11/05/2022 às 07:55
Motorista deve tomar cuidado com o buraco aberto na avenida Armando de Sales Oliveira (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Motorista deve tomar cuidado com o buraco aberto na avenida Armando de Sales Oliveira (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

A prefeitura de Piracicaba está sem contrato para os serviços de tapa-buraco. Como um novo contrato de longo prazo está sendo elaborado, a Secretaria de Obras (Semob) tenta acelerar um contrato emergencial. O edital do contrato ‘definitivo’ foi publicado do Diário Oficial do Município (DOM) em 3/5 e cumpre os prazos das etapas da licitação. As empresas interessadas devem apresentar as propostas até 3/6.

Portanto, não há contrato algum e a prefeitura não deu prazo para o contrato emergencial ser executado, o que permitiria a continuidade do serviço de tapa-buraco até que o processo de licitação do novo contrato de longo prazo seja finalizado.

Outro lado da questão é a qualidade do serviço. A prefeitura enviou a notícia de que será exigido, a partir dos próximos contratos, padronização do serviço, visando melhor qualidade. "Hoje não existe um método específico para esse tipo de intervenção, o que muitas vezes implica na aplicação de material com curto prazo de duração", observa a nota oficial.

Sobre qualidade  de asfalto

Tornou-se uma novela mal contada essa história de qualidade do asfalto em Piracicaba. Há quem diga que o solo da cidade é inadequado para sustentar asfalto, devido ao terreno de cascalho, em que a infiltração é elevada.

A infiltração continuada acaba desestruturando o solo que dá base ao asfalto, as ruas e avenidas ficam frágeis, danificadas com facilidade, mesmo sem sofrer grande pressão.

Há também a versão de que a falta de fiscalização, por parte da prefeitura, das empresas terceirizadas abre espaço para a economia em favor das empreiteiras. Elas se beneficiam da situação, faz um serviço ruim pelo preço de serviço de qualidade. Levam sua parte em dinheiro e deixam apenas problemas para a sociedade piracicabana. Uma atitude no mínimo desonesta, mas que parece compensar.

O engenheiro civil Luiz Carlos Fagundes, explica que o caso de Piracicaba é uma soma das duas coisas. "Se você não prepara o solo corretamente, com certa profundidade, que dê a estrutura adequada para sustentar o peso e o impacto, a tendência natural é que o asfalto trinque rapidamente. Quando fazem o tapa-buraco, só fazem a correção na região do buraco, não fazem no entorno do buraco. É como um dente cariado. Se tirar só o lado podre, sem ver se do lado há alguma fissura, a obturação vai cair rápido e o serviço foi em vão". 

Ele considera que o asfalto de Piracicaba acaba sendo feito pelo sistema mais econômico, saindo mais caro e trazendo transtorno geral.

"Eu acho que em Piracicaba não se faz uma base bem feita para a capa asfáltica, que tem também a função de impedir a entrada de água na base. Como o asfalto nosso é permeável, ele vai bombeando a terra e desestruturando a base, com o surgimento das rachaduras. Então teríamos de fazer uma base qualificada e não apenas jogar asfalto em cima do buraco e acabou. Nas regiões com muita umidade, teria de ser feita drenagem. Tecnicamente tem solução", enfatiza.

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