INTERNACIONAL

AstraZeneca enfrenta atrasos e disputas sobre sua vacina anticovid

Para o laboratório AstraZeneca, a vacina contra a covid-19 está se transformando em uma dor de cabeça

AFP
30/01/2021 às 10:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 19:24

Para o laboratório AstraZeneca, a vacina contra a covid-19 está se transformando em uma dor de cabeça. A sua eficácia foi posta em causa, a União Europeia está furiosa com atrasos na entrega e pode acabar enfrentando uma ação judicial.

Há poucas semanas, o laboratório britânico era aplaudido por desenvolver rapidamente, em conjunto com cientistas da Universidade de Oxford, uma vacina que gerava grandes expectativas na luta contra a pandemia.

Além de ser mais barata e fácil de transportar do que a da Pfizer/BioNTech, o grupo britânico prometeu fornecê-la a preço de custo para não lucrar com a pandemia.

Mas os atrasos anunciados com relação às doses inicialmente previstas para a UE colocaram o laboratório na mira do bloco.

As autoridades europeias publicaram o contrato firmado com o laboratório para lembrá-lo do compromisso de "produzir 300 milhões de doses da vacina, sem perdas nem lucros".

A pedido da Comissão Europeia, uma fábrica belga da empresa farmacêutica foi inspecionada para verificar o argumento de que a diminuição da produção se deve a uma "queda no rendimento".

A Itália até ameaçou empreender ações judiciais - também contra a Pfizer - para "receber as doses prometidas".

Segundo o jornal britânico Financial Times, "a deterioração das relações com a União Europeia pode ter repercussões negativas para o grupo farmacêutico".

Essas tensões ocorrem quando o imunizante da AstraZeneca acaba de receber autorização da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para ser usado por todas as pessoas maiores de idade.

Pouco antes, o governo alemão havia declarado que esperava que a vacina fosse aprovada apenas para menores de 65 anos, argumentando que "não há dados suficientes" sobre sua eficácia em pessoas mais velhas.

Neste conflito, "as partes não aparecem sob uma luz particularmente lisonjeira", comentou à AFP o analista da CMC Markets Michael Hewson, considerando que "a perspectiva de nacionalismo em torno das vacinas é preocupante".

A Comissão Europeia anunciou na sexta-feira a adoção de um mecanismo pelo qual os laboratórios que assinam acordos preliminares de venda com a UE devem obter uma "autorização de exportação" antes de retirar do território europeu as vacinas que nele fabricam.

É o caso, por exemplo, da americana Pfizer, que produz na Bélgica as doses que entrega ao Reino Unido, fora do bloco desde o Brexit.

Na opinião de Hewson, isso poderia provocar reações no Reino Unido se seu fornecimento for reduzido.

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