INTERNACIONAL

Aung San Suu Kyi acusada formalmente; apelos por desobediência civil após golpe aumentam em Mianmar

Os apelos por desobediência civil aumentaram nesta quarta-feira (3) em Mianmar, liderados por médicos e profissionais da saúde, no mesmo dia em que as autoridade birmanesas acusaram oficialmente a ex-líder de fato do governo, Aung San Suu Kyi, de violar uma lei comercial

AFP
03/02/2021 às 08:55.
Atualizado em 23/03/2022 às 19:55

Os apelos por desobediência civil aumentaram nesta quarta-feira (3) em Mianmar, liderados por médicos e profissionais da saúde, no mesmo dia em que as autoridade birmanesas acusaram oficialmente a ex-líder de fato do governo, Aung San Suu Kyi, de violar uma lei comercial.

Um tribunal "ordenou a prisão provisória por um período de 14 dias, de 1º a 15 de fevereiro", acusando Suu Kyi de ter violado uma lei de importação e exportação, informou Kyi Toe, porta-voz de seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (LND).

O ex-presidente Win Myint foi acusado de ter violado a lei sobre a gestão de desastres naturais, segundo o próprio ex-líder.

Na segunda-feira, o Exército acabou com a frágil transição democrática do país, anunciou o estado de emergência por um ano e prendeu a líder de fato do governo civil, assim como outros dirigentes da LND.

Dois dias após o golpe, condenado por muitos países, surgiram os primeiros sinais de resistência.

Médicos e profissionais da saúde, que usavam fitas vermelhas em sinal de protesto, anunciaram que se recusariam a trabalhar, exceto em caso de emergência médica.

"Obedeceremos apenas ao governo democraticamente eleito", disse à AFP Aung San Min, diretor de um hospital com 100 leitos na região de Magway (centro).

Funcionários do hospital geral de Yangon se reuniram diante do edifício e fizeram a saudação com três dedos, um gesto de resistência adotado pelos ativistas pró-democracia de Hong Kong e Tailândia.

Também foi criado um grupo chamado Movimento de Desobediência Civil no Facebook, que já tinha 150.000 inscritos. "O Exército deveria ter vergonha" e "Os militares são ladrões", afirma página.

Na terça-feira, no distrito comercial de Yangon, capital econômica do país, moradores protestaram com um panelaço e buzinas. Muitos gritaram "Viva a Mãe Suu".

Ao perceber o que poderia acontecer, Suu Kyi pediu à população que não aceite o golpe de Estado em uma carta escrita antes de sua detenção.

O medo de represálias é palpável neste país que viveu, desde sua independência em 1948, sob o jugo da ditadura militar durante quase 50 anos.

"A população sabe muito bem até que ponto o Exército pode ser violento e pouco que se importa com sua reputação internacional, o que poderia frear a vontade de mobilização", disse Francis Wade, autor de vários livros sobre o país.

As novas autoridades, que se comprometeram a organizar eleições dentro de um ano, já publicaram uma advertência contra qualquer discurso ou mensagem que possa "estimular distúrbios ou uma situação instável".

O golpe de Estado, "inevitável" segundo o general Min Aung Hlaing, que agora concentra a maior parte dos poderes à frente de um gabinete integrado por generais, provocou uma chuva de condenações internacionais.

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