NO SESC

Bienal Naïfs do Brasil abre no sábado

Sesc São Paulo abre a 15ª edição da mostra na unidade de Piracicaba no próximo sábado

Da Redação
correiopontocom@rac.com.br
25/11/2020 às 22:19.
Atualizado em 24/03/2022 às 02:28
Trabalho de de Alexandra Adamoli, de Piracicaba, recebeu o Prêmio Destaque-Aquisição  (Isabella Matheus/Naif )

Trabalho de de Alexandra Adamoli, de Piracicaba, recebeu o Prêmio Destaque-Aquisição (Isabella Matheus/Naif )

Neste sábado (28/11), o Sesc São Paulo abre ao público em sua unidade de Piracicaba a 15ª Bienal Naïfs do Brasil. Com curadoria de Ana Avelar e Renata Felinto, a Bienal reúne 125 artistas de 21 estados do país, além do Distrito Federal. A partir do tema Ideias para adiar o fim da arte - uma referência direta ao pensamento do líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro Ailton Krenak e ao filósofo e crítico de arte americano Arthur Danto -, a exposição traz 212 obras em suportes diversos. São instalações, pinturas, desenhos, colagens, gravuras, esculturas, bordados, marcheteria e entalhes. Em diálogo com o corpo expositivo, as artistas Carmela Pereira, Leda Catunda, Raquel Trindade e Sonia Gomes integram a mostra a convite das curadoras. Ana Mae Barbosa e Lélia Coelho Frota, mulheres intelectuais brasileiras que demonstraram em suas pesquisas a preocupação e o cuidado com o entendimento da pessoa artista e de sua produção de forma mais humana e plural, também são reverenciadas no processo curatorial desta 15ª edição da Bienal. Inicialmente prevista para inaugurar em agosto deste ano, a mostra, que teve sua abertura adiada devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, poderá ser visitada gratuitamente pelo público de terça a sábado, das 14h às 18h, mediante agendamento prévio pelo site sescsp.org.br/piracicaba. A permanência máxima na unidade é de 90 minutos e o uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas durante toda a visita. Realizada pelo Sesc São Paulo em Piracicaba desde o início da década de 1990, a Bienal Naïfs é um convite para o público refletir sobre os fazeres populares inventados por artistas. Nesta 15ª edição, a partir do título Ideias para adiar o fim da arte, a mostra traz discussões sobre temas como meio ambiente; o feminino como força social, como divindade e como figura do sagrado; as violências estruturais históricas; os espaços de coletividade e sociabilidade em ritos, festas e cerimônias; e o debate sobre objetualidade e utilidade. A partir da seleção feita pelas curadoras Ana Avelar e Renata Felinto – foram inscritas 980 obras, de 520 artistas com idades entre 19 e 87 anos –, surgiram eixos temáticos, plurais e diversos, que compõem a mostra. O processo de seleção de trabalhos partiu do critério da representatividade e considerou as regiões de onde provêm e atuam esses artistas, suas declarações étnico-raciais, faixas etárias, os assuntos e as materialidades com as quais trabalham. “Saltam aos olhos assuntos da maior relevância na imprensa hoje, como é o caso da questão premente da conservação ambiental, em particular no que diz respeito ao desmatamento na Amazônia, tema que há décadas ocupa o centro da política nacional, com negociações frequentes entre governos e órgãos internacionais, acionando avanços e retrocessos no debate ambiental. É também visível a associação da figura feminina à natureza, frequentemente como divindade. Nesse sentido, surgem imagens do sagrado e do fantástico, muitas vezes num amálgama sincrético de linguagens e religiões. As mulheres, aliás, são protagonistas de umas tantas cenas para além dessas fantásticas”, explica Ana Avelar. “Nosso desejo durante a seleção foi de contemplar várias humanidades, que é a multiplicidade de cores. Nós temos, por exemplo, um grande número de pessoas não brancas participando dessa exposição, e isso é necessário porque é preciso equilibrar dentro das exposições, o número de participantes, as origens, as complexidades das pessoas humanas participantes de acordo com a complexidade da população constitucional brasileira. Temos um grande número de pessoas de povos originários e de pessoas que são consideradas também pretas, ou negras e pardas, de acordo com as categorias oficiais. E isso é muito estimulante porque foi a nossa tentativa de apresentar, na Bienal Näifs do Brasil, uma pluralidade do povo brasileiro”, ressalta Renata Felinto. Para esta 15ª edição da Bienal Naïfs, as obras agraciadas foram: Prêmio Destaque-Aquisição - Cotidiano II, de Alexandra Adamoli (Piracicaba); Totem Apurinã Kamadeni, de Sãnipã (Pauiní, AM); O renascimento de Luzia, de Paulo Mattos (São Paulo, SP); e O martírio de Nossa Senhora do Brasil, de Shila Joaquim (São Matheus, ES). Prêmio Incentivo - Manto tropeiro: um breve olhar do caminho das tropas, Coletivo de Angeles Paredes e Carmem Kuntz (Sorocaba); Em busca de uma liberdade que ainda não raiou, de Con Silva (Batatais); Comadre Fulosinha dá a luz depois de degolar o caçador que a engravidou, de Eriba Chagas (São Paulo); Esperança em pedaços, de Paulo Chavonga (Diadema); Brincantes do imaginário, de Valdeck de Garanhuns (Guararema). Menção Especial: É óleo no mar..., de Alcides Peixe (São Paulo); Cantinho do benzer, de Alexandra Jacob (Piracicaba); Vazante, de Eri Alves (São Paulo); Jandira #33, de Hellen Audrey (Campinas); Aprendiz de Pajé, de Yúpury (Manaus, AM); Umbuzeiro florindo, de Nilda Neves (São Paulo); Gorda, de Soupixo (Crato, CE); Alma da estrada, de Thiago Nevs (São Paulo); e Dia-a-dia de Finoca, de Zila Abreu (São Paulo). A exposição segue até 25 de julho de 2021.

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