INTERNACIONAL

Biodiversidade no Delta do Paraná ameaçada por incêndios históricos

Punido por uma seca brutal, o Delta do Rio Paraná, na Argentina, um dos maiores e mais biodiversos do mundo, queima como nunca desde o início do ano

AFP
04/08/2020 às 14:25.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:36

Punido por uma seca brutal, o Delta do Rio Paraná, na Argentina, um dos maiores e mais biodiversos do mundo, queima como nunca desde o início do ano.

Somente nos primeiros sete meses de 2020, foram detectados mais de 11.000 focos de incêndio, segundo o Museu de Ciências Naturais Antonio Scasso, em uma região de cerca de 14.000 km2 cuja jurisdição é compartilhada por três províncias: Entre Ríos (80% do território), Buenos Aires (15%) e Santa Fé (5%).

Mais de 530 km2 de área úmida, uma área equivalente a quase três vezes a cidade de Buenos Aires, foi devastada, segundo estimativas do grupo de naturalistas de Santafesino, com base em imagens de satélite.

As chamas devastam a rica biodiversidade de um território onde mais de 700 espécies de plantas e animais coexistem, de acordo com a Universidade Nacional de Rosário e a Universidade do Litoral.

"As queimadas geram impacto imediato e outras que são percebidas apenas a médio ou longo prazo: mortalidade animal, perda de habitat natural para muitas espécies, empobrecimento de solos, poluição da água e do ar e incidência nas emissões que geram mudanças no clima", explica Graciela Klekailo, da Universidade Nacional de Rosário.

A pergunta que todos fazem é quem é responsável.

O ministro do Meio Ambiente da Argentina, Juan Cabandié, acusou os criadores de gado, que costumam usar o fogo para "limpar" as pastagens secas e regenerar as pastagens para o gado.

Cabandié, que sobrevoou a área várias vezes nos últimos meses, apresentou uma denúncia penal contra produtores e arrendatários de terra.

No entanto, os produtores rejeitam veementemente as acusações: argumentam que os incêndios também prejudicam sua atividade e culpam as autoridades por "falta de controle e negligência".

Para Jorge Postma, também da Universidade Nacional de Rosário, a catástrofe se deve às condições naturais excepcionais deste ano, com uma seca e um baixo volume de água raramente visto do rio que os guaranis chamavam de Paraná ("Mar Pequeno").

"Neste momento, o nível do rio Paraná no hidrômetro do porto de Rosário é de 80 cm, quando o normal para esta área nessa época do ano é de 3 ou 4 metros", afirmou.

Javier Torres pertence a uma família na região de Victoria, em Entre Ríos, que produz mel há décadas.

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