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Bloqueios de estradas se propagam no Peru e Igreja oferece mediação

Trabalhadores peruanos ampliaram os bloqueios em estradas para uma segunda rodovia fundamental no país andino nesta sexta-feira (4), paralisando mais veículos de transporte de carga e de passageiros e potencializando a primeira disputa trabalhista sob o novo governo de Francisco Sagasti

AFP
04/12/2020 às 17:19.
Atualizado em 23/03/2022 às 21:53

Trabalhadores peruanos ampliaram os bloqueios em estradas para uma segunda rodovia fundamental no país andino nesta sexta-feira (4), paralisando mais veículos de transporte de carga e de passageiros e potencializando a primeira disputa trabalhista sob o novo governo de Francisco Sagasti.

Em Ica, cerca de 2.000 caminhões e dezenas de ônibus de passageiros estão parados.

Após cinco dias de filas nas estradas e a morte de um trabalhador por um tiro enquanto a polícia tentava abrir caminho em uma rota, a Igreja Católica se ofereceu para mediar os conflitos nesta sexta-feira e encontrar uma "solução pacífica".

Os bloqueios começaram na segunda-feira na rodovia Pan-americana, a mais importante do país. Nesta sexta, metalúrgicos fecharam a Rodovia Central, que vai de leste a oeste entre o planalto peruano e Lima.

"O que estamos passando é horrível, porque não conseguimos dormir com medo de sermos agredidos. Sobrevivemos de frutas que foram atiradas dos carros", afirma Edgar Ancajima, de 36 anos, auxiliar em um caminhão com gás liquefeito parado há quatro dias na Pan-americana, na região de Ica, 250 km ao sul de Lima.

Um trabalhador rural de 19 anos foi morto a tiros na quinta-feira em Virú (La Libertad), 490 quilômetros ao norte de Lima, enquanto a polícia tentava abrir caminho em um trecho da Pan-americana, que cruza de norte a sul do país a partir da fronteira com o Equador até a chilena.

Os trabalhadores rurais de Ica exigem a revogação de uma lei que os priva de direitos e limita seus salários.

De Lima ao sul, os bloqueios começam no quilômetro 218 da Pan-americana, na altura do rio Pisco, observaram jornalistas da AFP. Caminhoneiros improvisaram panelas. Alguns matavam o tempo jogando cartas ou futebol.

"A situação é grave para nós. A carga está apodrecendo", relatou à AFP o caminhoneiro Loli Ortiz Zambrano, um venezuelano, de 62 anos, que transporta 32 toneladas de batatas.

Na travessia do rio Pisco, cerca de 40 grevistas, incluindo várias mulheres, comeram mingau de aveia com leite e pão enquanto mantinham o bloqueio, sob o olhar de quatro policiais.

"Reclamamos dos abusos e dos salários miseráveis que eles nos dão de 39 soles [11 dólares] por dia", disse Abraham Quispe, um sindicalista de 35 anos, à AFP.

"Vamos continuar com a luta em nossos bloqueios", alertou o trabalhador Isaías Llano, também de 35 anos.

A Igreja se ofereceu nesta sexta-feira para encontrar "uma solução pacífica e harmoniosa" para o conflito e instou o Congresso a aprovar uma reforma legal que conceda aos trabalhadores agrícolas "condições e salários decentes".

O cardeal Pedro Barreto e o bispo de Ica, Héctor Vera, participarão da mediação, disse a Conferência Espiscopal.

Os trabalhadores rurais exigem melhores salários e a revogação da Lei de Promoção Agrária, uma das últimas promulgadas pelo presidente Alberto Fujimori (1900-2000).

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