INTERNACIONAL

Boicote a produtos franceses afastará "ainda mais" Turquia da UE

O boicote aos produtos franceses proposto pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan é contrário ao espírito dos acordos comerciais assinados pela Turquia e afastará ainda mais Ancara da UE, disse uma fonte da Comissão Europeia nesta terça-feira (27)

AFP
27/10/2020 às 09:38.
Atualizado em 24/03/2022 às 09:12

O boicote aos produtos franceses proposto pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan é contrário ao espírito dos acordos comerciais assinados pela Turquia e afastará ainda mais Ancara da UE, disse uma fonte da Comissão Europeia nesta terça-feira (27).

Os acordos assinados pela Turquia e pela UE preveem a livre troca de mercadorias, e "as obrigações bilaterais que a Turquia se comprometeu sob esses acordos devem ser totalmente respeitadas", disse a fonte.

Erdogan causou polêmica na segunda-feira ao pedir um boicote aos produtos franceses, em meio a um amargo confronto verbal com o presidente Emmanuel Macron, sobre o apoio do presidente francês à publicação das polêmicas charges do profeta Maomé.

"Assim como na França alguns dizem "não compre marcas turcas", eu me dirijo à minha nação daqui: "Acima de tudo, não preste atenção às marcas francesas, não as compre"", disse Erdogan.

"Uma campanha de linchamento está sendo realizada contra os muçulmanos, semelhante à dos judeus da Europa antes da Segunda Guerra Mundial", acrescentou.

As declarações de Erdogan geraram manifestações em países de maioria muçulmana contra Macron e a França.

Imediatamente, altos funcionários europeus criticaram as declarações do presidente turco.

A chefe de Governo da Alemanha, Angela Merkel, disse que se tratava de "comentários difamatórios que são completamente inaceitáveis".

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse que "as declarações feitas pelo presidente Erdogan ao presidente Macron são inaceitáveis".

A Turquia vem negociando sua incorporação à UE desde 1987, mas as relações entre Ancara e o bloco europeu estão passando por momentos de extrema tensão.

Em particular, a UE condenou as "provocações" turcas no Mediterrâneo oriental, ao enviar um navio de exploração de hidrocarbonetos para águas cuja jurisdição é reivindicada pelo Chipre.

O uso do navio provocou uma reação enérgica da Grécia e disparou o alarme para o risco de um conflito armado no Mediterrâneo.

ahg/mar/cc

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