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Bolsonaro substitui cúpula das Forças Armadas, após ampla reforma ministerial no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro substituiu a liderança das Forças Armadas nesta terça-feira (30), um dia depois de destituir o ministro da Defesa no âmbito de uma ampla reforma ministerial decidida sob críticas por sua gestão caótica da pandemia do coronavírus

AFP
30/03/2021 às 16:45.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:20

O presidente Jair Bolsonaro substituiu a liderança das Forças Armadas nesta terça-feira (30), um dia depois de destituir o ministro da Defesa no âmbito de uma ampla reforma ministerial decidida sob críticas por sua gestão caótica da pandemia do coronavírus.

A substituição dos comandantes Edson Pujol (Exército), Ilqes Barbosa (Marinha) e Antonio Carlos Bermudes (Aeronáutica) foi decidida em uma reunião em Brasília "com presença do ministro da Defesa, Braga Netto, e do ex-ministro, Fernando Azevedo", anunciou a pasta em um comunicado.

O ministério da Defesa não informou os motivos da decisão, sem precedentes na História do Brasil, segundo os comentaristas.

Os analistas avaliam que seja resultado do descontentamento dos três comandantes com a destituição do general Fernando Azevedo e Silva, reticente sobre as tentativas do presidente Jair Bolsanaro de politizar as Forças Armadas.

O ex-ministro Azevedo e Silva disse ao anunciar sua saída que durante sua gestão conseguiu preservar "as Forças Armadas como instituições do Estado".

O ministro-general "estava incomodado com a necessidade de apoiar formalmente as atitudes do presidente Bolsonaro quando utilizou o Exército para suas atividades políticas", escreveu o colunista Merval Pereira no jornal O Globo.

Um dos destituídos, o general Pujol, disse em uma transmissão em novembro que os militares "não querem fazer parte da política" ou que "a política entre nos quartéis".

Os nomes dos novos comandantes ainda não foram anunciados.

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército admirador da ditadura militar (1964-85), colocou militares em postos-chave no gabinete e nos escalões inferiores do governo desde que assumiu o poder em janeiro de 2019.

Nas manifestações de seus apoiadores, muitas vezes aparecem faixas reivindincando um golpe militar sob sua liderança, resolvendo assim seus conflitos com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro discursou para uma multidão que exigia essa alternativa em 19 de abril de 2020, em Brasília.

A atual crise econômica e sanitária o forçou, no entanto, a se aliar aos tradicionais partidos do "centrão", com vistas à sua possível reeleição em 2022.

"As mudanças respondem a uma lógica dupla: primeiro porque [Bolsonaro] precisa dar espaço para o "centrão", e segundo porque está se preparando para a crise política que pode vir e quer estar cercado de pessoas extremamente leais, principalmente nas Forças Armadas", disse à AFP o analista Oliver Stuenkel.

O vice-presidente Hamilton Mourão, general do Exército, descartou que haja risco de colapso institucional no Brasil.

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