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Boris Johnson irrita escoceses ao criticar sua autonomia

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson provocou a ira do governo autônomo escocês nesta terça-feira, seis meses antes das eleições regionais nas quais a bancada pró-independência espera prevalecer, chamando de "desastre" a devolução dos poderes executivo e legislativo à Escócia

AFP
17/11/2020 às 10:06.
Atualizado em 24/03/2022 às 01:27

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson provocou a ira do governo autônomo escocês nesta terça-feira, seis meses antes das eleições regionais nas quais a bancada pró-independência espera prevalecer, chamando de "desastre" a devolução dos poderes executivo e legislativo à Escócia.

Dotada de autonomia desde o final dos anos 1990, como País de Gales e Irlanda do Norte, a Escócia tem seu próprio parlamento e governo com poderes em questões como educação e saúde.

De acordo com o jornal The Sun, Johnson disse na segunda-feira, falando sobre a independência da Escócia durante uma reunião virtual com parlamentares conservadores do norte da Inglaterra, que "a devolução foi um desastre ao norte da fronteira" inglesa.

Foi "o maior erro" do ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair, o arquiteto da medida que em 1999 levou à eleição do primeiro Parlamento escocês, segundo o jornal.

Estas declarações foram criticadas nesta terça-feira pelo Partido Nacionalista Escocês (SNP) da primeira-ministra Nicola Sturgeon.

"Vale a pena guardar esses comentários (...) para a próxima vez que os conservadores disserem que não são uma ameaça aos poderes do Parlamento escocês ou, ainda mais inacreditavelmente, que apoiam a devolução de mais poderes", tuitou Sturgeon.

"A única maneira de proteger e fortalecer o Parlamento escocês é com a independência", acrescentou a líder política, cujo partido espera obter uma ampla maioria absoluta nas legislativas escocesas em maio e, assim, colocar mais pressão sobre Londres para autorizar a realização de um segundo referendo sobre a autodeterminação.

A Escócia já organizou uma consulta sobre a independência em 2014, na qual 55% dos escoceses votaram por permanecer no Reino Unido.

Na época, o principal argumento contra a separação era o risco de ficar fora da União Europeia. Mas, paradoxalmente, após a vitória do Brexit em outro referendo dois anos depois, a Escócia acabou sendo arrastada para fora do bloco com o resto do Reino Unido, apesar de tê-lo rejeitado amplamente.

Argumentando que essa situação mudava as coisas, Sturgeon prometeu definir antes do final da legislatura os termos e a data de um segundo referendo ao qual Johnson se opõe fortemente.

Tentando acalmar os ânimos, diante daqueles que afirmam que esse tipo de declaração só serve para aumentar o sentimento separatista, o ministro de Governos Locais, Robert Jenrick, tentou nesta terça-feira minimizar as palavras de Johnson.

"O primeiro-ministro sempre apoiou a devolução", mas "está muito preocupado com a ascensão do nacionalismo e do separatismo por Nicolas Sturgeon e o SNP e acho que foi esse o comentário que ele fez ontem", disse ele à Sky News.

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