INTERNACIONAL

Brasil corre risco de reduzir ritmo da vacinação contra a covid-19

A vacinação contra a covid-19 no Brasil corre o risco de ser freada logo após seu início, em meio à segunda onda da pandemia, por causa de erros de gestão governamental para garantir o abastecimento e as vacinas, alertam especialistas

AFP
22/01/2021 às 15:44.
Atualizado em 23/03/2022 às 21:15

A vacinação contra a covid-19 no Brasil corre o risco de ser freada logo após seu início, em meio à segunda onda da pandemia, por causa de erros de gestão governamental para garantir o abastecimento e as vacinas, alertam especialistas.

O Plano Nacional de Imunização teve início na segunda-feira (18), após a autorização para uso emergencial de 6 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac e 2 milhões da britânica AstraZeneca/Oxford. Estas últimas, após vários atrasos, chegarão nesta sexta-feira da Índia, onde são fabricadas.

O Instituto Butantan, associado ao laboratório chinês Sinovac, que fabrica a CoronaVac, pediu autorização para o uso de mais 4,8 milhões de doses.

As duas vacinas requerem inoculação dupla e são destinadas a grupos prioritários. Uma vez esgotada, a imunização do país, com 211,8 milhões de habitantes, dependerá da importação de insumos da China, tanto para a CoronaVac quanto para a AstraZeneca.

Mas já na terça-feira alarmes soaram por causa dos atrasos nesses envios, num momento em que a doença volta a se espalhar rapidamente com balanços de mais de mil mortes por dia e um total de quase 215 mil óbitos em todo país, cifra superada apenas pelos Estados Unidos.

"Se esses insumos não chegarem, vamos ter que interromper" a campanha, contou à AFP Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIM).

Os seis milhões de doses da CoronaVac "vacinam 3 milhões de pessoas em um período de 15 a 20 dias, então a gente não vai vacinar todos, isso está gerando muito desapontamento na população", afirma.

"É um momento que está sendo bem difícil para o Brasil, há muita dúvida, ansiedade, a gente não consegue ter um posicionamento claro das autoridades, que gerem na população uma confiança", acrescenta.

A gravidade da doença e a eficácia das vacinas sempre foram questionadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que recomenda o tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada.

Em meados de janeiro, o governo também admitiu que faltariam 30 milhões de seringas para cumprir a primeira etapa do plano, de vacinar cerca de 50 milhões de pessoas. De qualquer forma é um plano que, até o momento, não possui prazos.

Para Ballalai, o responsável por essa situação preocupante tem um nome: "É uma incompetência do Ministério da Saúde".

A logística da campanha também é problemática. Em muitas cidades, são investigadas denúncias sobre pessoas influentes que estão sendo vacinadas sem nem mesmo ter o direito de fazê-lo.

Em Manaus, epicentro da segunda onda da pandemia, essas denúncias obrigaram interromper a vacinação por 24 horas.

O Butantan espera receber os suprimentos para fabricar 40 milhões de doses no Brasil.

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