Diante de uma possível efetividade da vacina Coronavac, o governo de São Paulo pode pedir à Anvisa uma liberação emergencial do imunizante ainda em outubro
Diante de uma possível efetividade da vacina Coronavac, o governo de São Paulo pode pedir à Anvisa uma liberação emergencial do imunizante ainda em outubro. A vacina está em fase de testes em humanos no Brasil e é uma parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac.
A informação foi divulgada em entrevista coletiva, nesta quarta-feira, 12, pelo secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn. Segundo ele, esse pedido acontecerá se o resultado dos testes for positivo após três meses da aplicação, iniciada em julho.
"Agora, até outubro de 2020, se nós consagrarmos e confirmarmos que essa vacina é segura, ou seja, mantém a característica de não levar a efeitos colaterais e produzir anticorpos por um período prolongado, altos e mantidos nos próximos três meses, aí sim, nós teremos a possibilidade, de forma emergencial para a Anvisa que haja então a possibilidade de nós usarmos na população", disse durante coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Bandeirantes. O governador João Doria (PSDB) cancelou participação no evento após ser diagnosticado com a covid-19.
"É importante nós lembrarmos que São Paulo precisa de uma vacina, seja ela da Sinovac, seja de Oxford. Nós queremos uma vacina porque é a única forma de poderemos voltar para aquela condição de normal. Por enquanto, estamos longe até desse 'novo normal', isso ainda está distante", reiterou.
Na terça-feira, 11, Doria comentou que não haveria motivo para o Instituto Butantã trabalhar também com a vacina russa, que foi regulamentada nesta semana pelo governo de Vladimir Putin. Segundo Gorinchteyn, é necessário respeitar todas as fases de testagem para atestar que o produto é eficaz e não impõe risco à população. "É importante nós sempre frisarmos que todas as vacinas devem e deverão seguir todos os preceitos éticos, de segurança e de eficácia, e isso é avaliado através de estudos científicos", apontou.
O secretário pontuou que, durante a fase anterior de testes, os voluntários chineses relataram apenas "pequenos" efeitos colaterais, como dor no local de aplicação e febre baixa. Os voluntários brasileiros serão acompanhados por um ano.
A vacina foi criada pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. No Brasil, será testado em cerca de 9 mil voluntários em 12 centros de pesquisa dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, além do Distrito Federal. O custo da testagem é estimado em R$ 85 milhões e prevê a transferência de tecnologia para que a vacina chinesa possa ser produzida em São Paulo, no Instituto Butantã. Os testes começaram em 21 de julho, no Hospital das Clínicas, e outros centros de pesquisa, como o Emílio Ribas, também já estão participando.
São Paulo chega a 655.181 casos confirmados de covid-19
O Estado de São Paulo soma 655.181 casos confirmados da covid-19, dos quais 25.869 resultaram em óbito. Segundo Gorinchteyn, a média móvel de internações caiu 6% na última semana. A ocupação média é de 58,3% na UTI, taxa que é de 57,1% na Grande São Paulo.
Na coletiva, também foi anunciada a ampliação para 120 municípios do programa de monitoramento de pessoas infectadas com o novo coronavírus a partir de segunda-feira, 17. Em funcionamento em São Bernardo do Campo, Bauru e Araraquara, ele consiste em uma plataforma de monitoramento e automatização de dados, a partir dos quais os contactantes são orientados a permanecer em isolamento por até 14 dias.
Gorinchteyn ressaltou que esse tipo de ação pode "diagnosticar formas mais leves, evitando internações". A meta é ampliar a medida para todos os municípios paulistas até setembro.