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Castigados pela pandemia, Brasil e EUA defendem cloroquina apesar da OMS

Apesar da decisão da OMS de suspender os ensaios com hidroxicloroquina, Estados Unidos e Brasil - os dois países do mundo com a maioria dos casos do novo coronavírus - mantêm a recomendação de usar este medicamento para interromper a pandemia

AFP
26/05/2020 às 08:15.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:40

Apesar da decisão da OMS de suspender os ensaios com hidroxicloroquina, Estados Unidos e Brasil - os dois países do mundo com a maioria dos casos do novo coronavírus - mantêm a recomendação de usar este medicamento para interromper a pandemia.

O presidente americano, Donald Trump, pressionou fortemente pelo uso da hidroxicloroquina como um tratamento potencial para o coronavírus, que infectou mais de 5,5 milhões de pessoas e matou mais de 346.000 pessoas em todo mundo, segundo um balanço da AFP feito com base em dados oficiais. Trump afirmou que ele próprio estava tomando o remédio, de forma preventiva.

O presidente Jair Bolsonaro também promoveu seu uso para conter o vírus, que explodiu no país, o sexto do mundo em número de mortes por COVID-19 (23.473) e o segundo com mais casos confirmados (375.000). Hoje, o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos.

Na segunda-feira (25), a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que suspenderia "temporariamente" os ensaios clínicos com hidroxicloroquina contra a COVID-19, depois que um estudo considerou a cloroquina e seus derivados ineficazes, ou até contraproducentes, no tratamento do novo coronavírus.

Ainda de acordo com o estudo, publicado no periódico "The Lancet", essas moléculas aumentam o risco de morte e arritmia cardíaca, o que levou a OMS a tomar sua decisão. Apesar disso, o Ministério brasileiro da Saúde anunciou que continuará recomendando a hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19.

"Permanecemos muito calmos e serenos, e não haverá nenhuma modificação" na recomendação, disse a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Mayra Pinheiro, em entrevista coletiva em Brasília.

Bolsonaro é um forte opositor das medidas de confinamento e, como Trump, minimizou a ameaça do vírus desde seu surgimento. E mantém sua postura, apesar de a América Latina se tornar o novo epicentro global do coronavírus.

Já a Colômbia decidiu seguir o conselho da OMS e retirou na segunda-feira a recomendação de usar cloroquina e hidroxiloroquina em pacientes com COVID-19.

Trump anunciou, por sua vez, que estava tomando o remédio, depois de receber a carta de um médico e várias "ligações positivas" de pessoas que recomendaram seu uso. Ignorou, assim, a opinião de seus próprios especialistas do governo e da FDA (a agência federal que regula alimentos e remédios nos EUA), os quais alertam que o medicamento pode causar sérios problemas cardíacos em pacientes com COVID-19.

O presidente dos EUA tem sido muito criticado pela gestão da crise em seu país, o mais afetado pela pandemia, com mais de 98.000 mortes e mais de 1,6 milhão de casos confirmados de coronavírus.

A pandemia também continua a causar estragos na América Latina e no Caribe, com cerca de 766.000 casos e mais de 41.000 mortes. Atrás do Brasil, que registrou 23.473 óbitos, os outros países mais afetados são México (7.633 mortes), Peru (3.629) e Equador (3.203).

A crise da saúde e a decorrente paralisia econômica também estão dando origem nesta parte do mundo a um aumento da tensão na população.

Embora o confinamento tenha ajudado a conter a propagação do vírus, suas consequências econômicas e no ânimo da população já começam a ser notadas.

Em todo mundo, foram adotadas medidas de recuperação econômica sem precedentes, com os governos tentando apoiar suas economias, afetadas pela crise. Foram especialmente atingidos os setores de turismo e transportes, devido a restrições de viagens.

A LATAM, a maior companhia aérea da América Latina, entrou com pedido de falência nos Estados Unidos nesta terça-feira, devido à drástica queda na atividade da empresa. Antes da pandemia, a LATAM voava para 145 destinos em 26 países e fazia cerca de 1.400 voos diários.

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