Cerca de 200 historiadores exigem que as perguntas sobre história britânica sejam eliminadas temporariamente dos testes de cidadania, pois o manual usado para preparar as provas contém erros sobre a descolonização e a escravidão
Cerca de 200 historiadores exigem que as perguntas sobre história britânica sejam eliminadas temporariamente dos testes de cidadania, pois o manual usado para preparar as provas contém erros sobre a descolonização e a escravidão.
Para tornar-se um cidadão britânico, os estrangeiros devem fazer um teste que contém 24 perguntas sobre tradições e costumes do país.
O manual para preparar esta prova, especialmente os capítulos históricos, provocaram a indignação de muitos pesquisadores.
"O manual oficial divulgado pelo Ministério do Interior é fundamentalmente enganoso e, em alguns casos, manifestamente errado", denunciam 181 historiadores, que solicitam em uma carta aberta a suspensão da parte de "História" do teste, até que este capítulo do manual seja "reescrito e corrigido".
O movimento Black Lives Matter (BLM) desencadeou um debate intenso sobre o modo como o Reino Unido lida com seu passado colonialista.
Os assinantes desta carta aberta, especialistas em história britânica, denunciam um manual tendencioso como um todo, "repleto de datas e números, mas sem fornecer o número de escravos que foram transportados em navios britânicos, cerca de 3 milhões".
Segundo os historiadores, o texto "recente" aborda a abolição da escravidão "como se fosse uma conquista britânica, na qual os escravos não desempenharam nenhum papel".
Ele também ignora "os levantes e movimentos de independência" e promove "a ideia enganosa" de que houve uma "transição ordenada entre o Império colonial e a Commonwealth", enquanto a descolonização "foi frequentemente um processo violento", enfatizam os historiadores, que citam a Índia e o Quênia como exemplos.
"Para os candidatos (à cidadania) vindos de ex-colônias que conheceram a violência imperial, esse relato é ofensivo", de acordo com os signatários, que incluem dois ex-presidentes da Sociedade da História Britânica e onze membros da renomada British Academy.
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