INTERNACIONAL

Chefe da ONU: sem união diante das mudanças climáticas, 'estaremos condenados'

As potências mundiais precisam se unir e reestruturar suas economias para um futuro verde ou "estaremos condenados", alertou o secretário-geral da ONU Antonio Guterres, para quem o fracasso em controlar a pandemia do coronavírus ilustra o perigo da desunião

AFP
08/09/2020 às 09:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:26

As potências mundiais precisam se unir e reestruturar suas economias para um futuro verde ou "estaremos condenados", alertou o secretário-geral da ONU Antonio Guterres, para quem o fracasso em controlar a pandemia do coronavírus ilustra o perigo da desunião.

"Acho que o fracasso demonstrado em conter a propagação do vírus - pelo fato de não haver coordenação internacional suficiente na forma como o vírus foi combatido(...) deve fazer os países entenderem que precisam mudar de rumo", disse ele à AFP antes da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas em 21 de setembro.

"Eles (os Estado) precisam agir juntos em relação à ameaça climática, que é uma ameaça muito maior do que a ameaça da pandemia em si - é uma ameaça existencial para nosso planeta e para nossas vidas", insistiu em entrevistas com vários membros da aliança de mídia Covering Climate Now, que visa aumentar a cobertura de questões relacionadas ao clima.

Antes do vírus acometer o mundo, 2020 foi anunciado como um ano crucial para o plano da humanidade de escapar do aquecimento global catastrófico, com conferências de alto nível.

A crise do coronavírus pode ter deixado o clima de lado, à medida que as nações promoveram paralisações sem precedentes para tentar reduzir sua disseminação, mas Guterres afirmou que a necessidade de ação climática é mais urgente do que nunca.

Em uma contundente avaliação da resposta internacional, Guterres disse que a pandemia deveria intensificar o foco dos governos na redução das emissões, reivindicando que a crise seja usada como um trampolim para lançar políticas "transformadoras" destinadas a livrar as sociedades dos combustíveis fósseis.

O chefe da ONU advertiu que a desigualdade será agravada pelas mudanças climáticas e disse que "a poluição e não as pessoas" deveriam ser tributadas o máximo possível.

Ele pediu às nações que acabem com os subsídios aos combustíveis fósseis, lancem investimentos maciços em energias renováveis e se comprometam com a "neutralidade do carbono" - emissões líquidas zero - até 2050.

O Acordo de Paris entra em vigor este ano, iniciando os esforços para limitar o aumento da temperatura a "bem abaixo" de dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.

Este acordo climático já estava no fio da navalha antes da pandemia, com dúvidas sobre os compromissos das principais nações poluidoras, além de preocupações de que as medidas estejam muito aquém do que a ciência aponta como necessário para evitar mudanças desastrosas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chocou o mundo em 2017, quando disse que seu país - o maior emissor da história - estava se retirando do Acordo de Paris. A saída está prevista para 4 de novembro, um dia após a eleição presidencial.

Segundo Guterres, muito agora está nas mãos dos seis maiores emissores - China, Estados Unidos, Europa, Rússia, Índia e Japão.

"Ou nos unimos ou estaremos condenados", afirmou na série de entrevistas à AFP, NBC e Telemundo.

"Nunca fomos tão frágeis, nunca precisamos de tanta humildade, unidade e solidariedade como agora", acrescentou, criticando duramente as "demonstrações irracionais de xenofobia" e a ascensão do nacionalismo.

Os alertas sobre mudanças climáticas não são mais previsões para um futuro distante. A temperatura média da superfície da Terra subiu um grau Celsius desde o século XIX, o suficiente para aumentar as secas, ondas de calor e ciclones tropicais.

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