INTERNACIONAL

Chineses pedem que familiares no exterior retornem para evitar contágio

Enquanto a pandemia do novo coronavírus se alastra pela Europa, mais e mais chineses tentam convencer seus filhos no exterior a voltar ao país, com alguns pagando até mesmo voos em aviões particulares

AFP
20/03/2020 às 08:49.
Atualizado em 04/04/2022 às 23:20

Enquanto a pandemia do novo coronavírus se alastra pela Europa, mais e mais chineses tentam convencer seus filhos no exterior a voltar ao país, com alguns pagando até mesmo voos em aviões particulares.

Quando na Itália, França, Espanha e Alemanha o número de casos continua a crescer exponencialmente, na China as autoridades anunciaram nesta sexta-feira, pelo segundo dia consecutivo, que não houve novos casos de contaminação local.

Como resultado, dezenas de milhares de estudantes ou profissionais chineses retornam para casa, assim como a maioria dos times de futebol da primeira divisão, que realizaram treinamento de pré-temporada no exterior.

Mas o retorno é cheio de dificuldades: os voos para a China agora são poucos e muito caros, o contágio é possível no avião e, à chegada, são obrigados a ficar em quarentena por 14 dias, geralmente em um hotel, cujas taxas são pagas pelo repatriado.

Um esquema que Zhao Yidong, consultor de informática de 29 anos que retornou de uma missão na França, não conseguiu escapar.

"Meus pais estavam muito preocupados, me ligavam todos os dias", disse à AFP de um hotel duas estrelas em Yangzhou, sua cidade natal, onde está confinado.

"Eu tinha três semanas restantes na França. Mas desde que (Donald) Trump fechou as fronteiras dos Estados Unidos para pessoas da Europa, tive medo de que a China fizesse o mesmo. Por isso, preferi voltar mais cedo", conto.

Quando ele chegou a Xangai, passou por exames médicos e depois foi levado ao hotel pelas autoridades.

"O ânimo vai bem! Não tenho do que reclamar: todos os dias, um médico nos examina e os funcionários nos deixam três refeições completas na porta", relatou.

As autoridades pagam metade da sua estadia e o restante fica por sua conta: 1.680 yuanes (220 euros, US$ 236) por 14 noites. "Aplaudo essa quarentena. Prefiro isso do que arriscar infectar minha família", comentou.

Mas, depois de ter sido vítima de ataques racistas na Europa, como potenciais portadores o vírus, os chineses no exterior agora enfrentam desconfiança de alguns de seus compatriotas quando retornam para casa.

Nas redes sociais, vários denunciam esses repatriados como "irresponsáveis" que reintroduzem o coronavírus na China, onde mais de 200 casos importados já foram identificados.

Esta semana, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças em Pequim aconselhou os alunos a evitar retornos que não são "absolutamente necessários".

Essa hostilidade, no entanto, não dissuadiu Yang Qingyun, de 28 anos, estudante em Munique, Alemanha.

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