DEIXA A DESEJAR

Chuvas prejudicam a produção e a oferta de hortaliças

Secretaria Municipal de Agricultura estima que vendas tenham caído 20%

Marcelo Rocha
igpaulista@rac.com.br
11/03/2016 às 11:41.
Atualizado em 28/04/2022 às 05:35

'Na época da chuvarada não dá para o produtor plantar direito', diz o vendedor Thiago Celso, 30 anos de idade (Christiano Diehl Neto)

Enquanto o Sistema Cantareira celebra o retorno das chuvas abundantes, a dona de casa torce o nariz para a qualidade e a escassez das hortaliças, prejudicadas com o alagamento de áreas de plantio. A rúcula e a alface americana são, por exemplo, algumas das folhas que estão em falta nas bancas de verdura. Além disso, os preços subiram. Normalmente, as chuvas comprometem a oferta de hortaliças entre o final de dezembro e o começo de fevereiro, lembra o comerciante Cláudio Rosada, 46 anos de idade. “Mas neste ano, o problema está se estendendo. O excesso de água tira força da raiz e a verdura cresce menos”, diz o dono da Banca do Cláudio, no Mercadão, onde a rúcula custa R$ 3,00 e a alface americana, R$ 2,50. O vendedor Thiago Celso, 30 anos de idade, diz que “na época da chuvarada não dá para o produtor plantar direito”. “E isso, se reflete agora”, comenta. “O abastecimento de todas as folhas está irregular e o preço subiu uns 30% ou mais de dezembro para cá”, observa o também vendedor Dinael Monis, 44 anos de idade, da Banca do Valter. A aposentada Dulce de Oliveira, 84 anos de idade, disse que ontem não comprou o tradicional alface porque “além de pequena estava cara”. “Acabei comprando um almeirão murcho por R$ 3,79 e um espinafre por R$ 4,00”, diz meio desanimada. Segundo Francisco Ernesto Guastalli, diretor do departamento de abastecimento da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Sema), “o excesso de chuvas prejudica o desenvolvimento de folhas e legumes”. O período de chuvas, explica Guastalli, diminui o volume de oferta de verduras, impacta na queda da qualidade (“que deixa a desejar”, diz) e provoca o aumento de preços. Normalmente, Piracicaba é quase que autossuficiente na produção de verduras, mas neste ano a cidade precisou “importar” mais por causa do grande volume de chuvas, frisa Guastalli. “Não tem como plantar com terra encharcada, por isso tem muita verdura vindo da região de Piedade (SP)”, relata. De acordo com Guastalli, os 30 varejões municipais comercializam cerca de 250 toneladas de produtos hortifrutigranjeiros por semana (ou um milhão de quilos ao mês). “Acho que houve uma queda de 20% na venda de hortifrutigranjeiros em consequência das chuvas fortes, das condições financeiras do País e das altas de preço constantes”, estima.

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