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Cisjordânia ocupada tem hospitais lotados enquanto Israel deixa confinamento

Enquanto Israel continua sua campanha de vacinação em massa - a mais rápida do mundo - para reabrir bares, pavilhões esportivos e museus, os hospitais a poucos quilômetros de distância na Cisjordânia ocupada estão desmoronando com o influxo de novos pacientes com covid-19 por falta de vacinas

AFP
18/03/2021 às 16:22.
Atualizado em 22/03/2022 às 08:01

Enquanto Israel continua sua campanha de vacinação em massa - a mais rápida do mundo - para reabrir bares, pavilhões esportivos e museus, os hospitais a poucos quilômetros de distância na Cisjordânia ocupada estão desmoronando com o influxo de novos pacientes com covid-19 por falta de vacinas.

O contraste é impressionante.

De um lado, mais de 4,3 milhões de pessoas (46% da população israelense) receberam as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech com o bônus adicional de um desconfinamento estendido em 7 de março com a reabertura de restaurantes.

Do outro, novos confinamentos.

O Estado hebreu vacinou 90.000 palestinos que trabalham em Israel, ou em assentamentos, mas, contando as cerca de 60.000 doses recebidas nesta quarta-feira (17) pelo dispositivo Covax e as fornecidas antes por outros doadores, a Cisjordânia tem menos de 100.000 doses para seus cerca de 2,8 milhões de habitantes.

E, pela primeira vez desde o início da pandemia, o número de casos diários na Cisjordânia ocupada excede o registrado para todo Israel, levando os hospitais ao limite.

Na sala de emergência do complexo médico de Ramallah, uma menina de 8 anos infectada com o vírus luta com seu cilindro de oxigênio, uma senhora de 60 anos na UTI observa quem passa, e os pacientes gemendo, constatou um jornalista da AFP que não teve autorização para filmar.

O serviço está sobrecarregado, e o ar carregado de um odor fétido.

"Às vezes, esperamos que um paciente morra para podermos admitir aqueles que aguardam na sala de emergência", observa um funcionário do hospital, que pediu anonimato.

Localizado a cerca de 20 quilômetros de Jerusalém, este hospital da principal cidade da Cisjordânia não é um caso único.

A Autoridade Palestina anunciou esta semana que o sistema de saúde local excedeu sua capacidade.

"Alcançamos a linha vermelha", disse a ministra palestina da Saúde, Mai al-Kaila. "A situação epidemiológica é muito perigosa por causa da grande disseminação do vírus", completou.

O diretor do hospital Dora em Hebron (sul), doutor Mohammed Rabei, também afirma que o estabelecimento está sobrecarregado, apesar de uma capacidade aumentada de 60 para 80 leitos.

Mas as hospitalizações continuam aumentando, e "temos de encontrar outras soluções" para tratar os doentes graves com o coronavírus, explicou à AFP.

"Sempre houve falta de pessoal aqui, mas atualmente as equipes trabalham sob pressão, não têm folgas, estão esgotadas", relata.

Em Silwad, ao norte de Ramallah, americanos de origem palestina doaram mais de 50 máquinas de oxigênio - cerca de US$ 1.000 cada - para que os pacientes possam ser tratados em casa.

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