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Com necrotérios e funerárias lotados, NYC busca onde enterrar seus mortos

As funerárias de Nova York estão lotadas, os caminhões frigoríficos estacionam em frente aos hospitais para receber cadáveres, e um vereador nova-iorquino revela um plano de emergência para fazer enterros temporários em um parque da cidade, que nesta segunda-feira (6) registrava 3

AFP
06/04/2020 às 20:18.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:35

As funerárias de Nova York estão lotadas, os caminhões frigoríficos estacionam em frente aos hospitais para receber cadáveres, e um vereador nova-iorquino revela um plano de emergência para fazer enterros temporários em um parque da cidade, que nesta segunda-feira (6) registrava 3.485 mortos pelo novo coronavírus.

As imagens são terríveis: corpos cobertos com lençóis brancos ou lonas, transportados em macas por funcionários com roupas de proteção para os caminhões refrigerados porque os necrotérios dos hospitais e as funerárias estão sobrecarregados.

Só na manhã desta segunda-feira, em menos de uma hora, a AFP constatou que nove corpos foram carregados em caminhões estacionados em frente ao hospital de Wyckoff, no Brooklyn.

A cidade de Nova York registra mais de 72.000 casos de coronavírus e os mortos superam os 500 por dia há uma semana - no sábado alcançou o recorde de 630 em 24 horas.

Várias empresas funerárias disseram à AFP que estavam sobrecarregadas.

"A maioria das funerárias tem capacidade de refrigeração limitada", explicou Ken Brewster, proprietário de uma pequena empresa de honras fúnebres no Queens, inundada por pedidos de enterros de vítimas da COVID-19 há uma semana.

"Se você não tem lugar, precisa destes caminhões", disse.

Algumas funerárias não aceitam mortos por coronavírus, o que sobrecarrega as que aceitam.

Para Pat Marmo, que administra cinco funerárias na cidade, o estresse gerado por este fluxo de cadáveres é difícil de gerenciar. Ele mesmo acaba de perder um primo e outro familiar para a pandemia.

"Os hospitais nos pressionam para buscara os corpos, mas não temos locais para mantê-los", disse Marmo, destacando que agora há "três vezes mais" mortes do que em períodos normais e que a agenda de enterros está lotada até o próximo mês.

"É como um 11 de setembro que dura dias e dias", comparou.

As funerárias estão tão sobrecarregadas que um vereador de Nova York evocou nesta segunda-feira a possibilidade de realizar enterros temporários em um parque da cidade.

"Em breve vamos começar os "enterros temporários". Isto será realizado, provavelmente, utilizando um parque de Nova York para os enterros (sim, vocês leram corretamente)", tuitou o vereador democrata Mark Levine, que preside a comissão de saúde da cidade.

"Serão cavadas trincheiras para dez caixões em fila. Será feito de forma digna, ordenada e temporária. Mas será difícil de engolir para os nova-iorquinos", acrescentou.

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