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Começa o julgamento de Benjamin Netanyahu por corrupção

Uma nova página se abre neste domingo (24) em Israel, com o início do julgamento de Benjamin Netanyahu, que se torna o primeiro chefe de Governo na história do país a enfrentar acusações criminais por corrupção, que ele nega, durante seu mandato

AFP
24/05/2020 às 08:15.
Atualizado em 27/03/2022 às 22:55

Uma nova página se abre neste domingo (24) em Israel, com o início do julgamento de Benjamin Netanyahu, que se torna o primeiro chefe de Governo na história do país a enfrentar acusações criminais por corrupção, que ele nega, durante seu mandato.

Após 17 meses de uma crise eleitoral em que sua "sobrevivência política" esteve em jogo, Netanyahu comparece ao tribunal do distrito de Jerusalém para uma nova batalha, desta vez judicial, para evitar a prisão e limpar sua reputação.

Netanyahu está acostumado a estabelecer precedentes: primeiro chefe de Governo de Israel nascido após a criação do país, o primeiro-ministro a mais tempo no cargo, o mais feroz opositor ao Irã.

Antes dele, Ehud Olmert, também do seu partido Likud, foi acusado de corrupção, mas depois de ter renunciado como primeiro-ministro.

Olmert foi considerado culpado de aceitar subornos e passou 16 meses na prisão.

Algo que Netanyahu, de 70 anos, tenta evitar, acusado de ter recebido charutos, champanhe e joias no valor de 700.000 shekels (180.000 euros, US$ 197.000) de pessoas ricas em troca de favores financeiros ou pessoais.

Segundo os investigadores, Netanyahu também tentou obter uma cobertura favorável no jornal Yediot Aharonot.

Mas, acima de tudo, a justiça suspeita que ele concedeu favores que poderiam ter feito o chefe da empresa de telecomunicações israelense Bezeq ganhar milhões de dólares em troca de uma cobertura midiática favorável em um dos meios do grupo, o influente site Walla.

Dos três casos, o último é o mais explosivo e talvez também o mais complexo.

"Nos casos tradicionais de corrupção, tudo gira em torno do dinheiro (...) mas aqui trata-se de corrupção para obter cobertura favorável na imprensa. É sem precedentes", diz Amir Fuchs, pesquisador do Instituto Democrático de Israel, um centro de pesquisa em Jerusalém.

Como provar os favores na imprensa? "Não é apenas oferecer cobertura favorável (para Netanyahu), dizendo coisas boas sobre ele (...) mas conceder a ele controle editorial completo sobre textos e fotos específicas", detalha.

Após meses de suspense, o procurador-geral Avichai Mandelblit acusou Netanyahu em novembro de 2019, o que seus detratores consideraram uma "sentença de morte política".

Mas "Bibi", como os israelenses o chamam, conseguiu se manter à frente do partido, terminar em primeiro lugar nas últimas eleições legislativas, negociar um acordo para compartilhar o poder com o rival Benny Gantz, e assim permanecer como primeiro-ministro.

Seu julgamento deveria começar em meados de março, mas a crise da COVID-19 adiou-o para 24 de maio.

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