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Como Xangai salvou milhares de judeus do Holocausto

Quando criança, Kurt Wick escapou de uma morte quase certa em um campo de concentração nazista ao se refugiar em Xangai, um pequeno santuário na China conhecido por milhares de judeus que fugiam do Holocausto

AFP
26/01/2021 às 08:55.
Atualizado em 23/03/2022 às 21:26

Quando criança, Kurt Wick escapou de uma morte quase certa em um campo de concentração nazista ao se refugiar em Xangai, um pequeno santuário na China conhecido por milhares de judeus que fugiam do Holocausto.

Aos 83 anos, passou as últimas duas décadas espalhando a mensagem de como essa cidade chinesa se tornou um paraíso que permitiu a milhares de judeus escapar da "Solução Final" de Adolf Hitler.

"Eles salvaram 20.000 judeus e, se não fosse por isso, eu não estaria falando com você agora", diz Wick, que nasceu em Viena e que embarcou, com seus pais, em um navio no porto de Trieste para esta longa viagem para o leste.

"Teria sido uma das cinzas em Auschwitz, como minha outra família".

Quarta-feira é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que marca o aniversário da libertação do campo de Auschwitz-Birkenau, o maior campo de extermínio nazista, em 1945.

Seis milhões de judeus morreram no pior genocídio da história da humanidade, mas Wick e seis outros membros de sua família conseguiram escapar da Europa para Xangai, porque era um dos poucos destinos para os quais nenhum visto era necessário.

"As pessoas deveriam saber, porque era o único lugar no mundo em 1939 que abriu suas portas para nós", disse Wick por telefone de sua casa em Londres.

"Nem mesmo muitos judeus sabem".

Xangai era uma terra estranha e distante para os judeus europeus, e logo foi totalmente ocupada pelo Japão imperial, cada vez mais agressivo.

A pequena, mas próspera, comunidade judaica que vivia na cidade chinesa desde o século XIX os ajudou.

Muitos relatos históricos apontam que a atmosfera do que hoje é uma metrópole próspera lembrava a de uma pequena cidade na Áustria, ou na Alemanha.

A vida era difícil e, após o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a população judaica de Xangai diminuiu drasticamente quando os refugiados voltaram para casa, ou foram morar em outros países.

As autoridades chinesas estão felizes em ver que a história de Xangai está-se tornando conhecida como um refúgio de paz para os judeus.

Em 2007, inaugurou o Museu dos Refugiados Judeus, promovido pela prefeitura, em Hongkou, bairro onde ficava o chamado "Gueto de Xangai".

Localizado onde ficava a antiga sinagoga, foi reaberto no mês passado, após uma expansão que o triplicou.

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