INTERNACIONAL

Confinamento isola ainda mais pessoas LGBT na Índia

Em uma sociedade extremamente conservadora, muitos indianos LGBT escondem sua identidade de gênero dos parentes

AFP
23/06/2020 às 09:25.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:06

Em uma sociedade extremamente conservadora, muitos indianos LGBT escondem sua identidade de gênero dos parentes. Um segredo que se tornou particularmente pesado para alguns durante as longas semanas de confinamento na casa da família.

"Ouvimos muitas histórias de pessoas que foram assediadas ou torturadas psicologicamente por suas famílias", disse à AFP Shruta Neytra, co-fundador da Yaariyan, uma organização de apoio on-line para jovens LGBT.

"É muito difícil, porque nem podemos dizer a eles que saiam de casa e busquem refúgio em outro lugar", ressaltou.

Kumar (um pseudônimo) é um jovem gay de uma cidade do norte da Índia que foi espancado por membros da família, que mais tarde chamaram a polícia quando descobriram sua orientação sexual.

O jovem, vendo-se em perigo, entrou em contato com a ONG. Mas, devido às restrições de deslocamento existentes para combater a pandemia de coronavírus, ninguém podia ajudá-lo.

A Índia suspendeu no início de junho o confinamento que durou dois meses.

No entanto, a propagação da epidemia faz com que muitos indianos continuem a se refugiar em suas casas por medo de serem infectados.

Enquanto as pessoas LGBT continuam sendo vítimas de discriminação e intimidação na Índia, as atitudes estão mudando lentamente, especialmente nas grandes cidades.

Personagens homossexuais apareceram em vários filmes e séries recentes, uma representação impensável apenas alguns anos atrás.

Em termos legais, a comunidade também conquistou vários avanços sociais importantes na última década.

Em 2018, o Supremo Tribunal descriminalizou a homossexualidade em uma decisão histórica. Quatro anos antes, a mesma instituição também havia reconhecido a existência legal de um "terceiro gênero" para pessoas trans.

Anjali Siroya, uma mulher trans, podia respirar quando ia trabalhar ou encontrar amigos, fugindo do apartamento que dividia com seus pais e irmão em Bombaim.

Mas essa liberdade desapareceu com o confinamento.

"Eles pararam de me bater quando tentei fugir", disse, "mas estar com eles 24 horas por dia, 7 dias por semana ainda é muito traumático".

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