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Conflito na Síria tem escalada após mortes de soldados turcos

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestaram "preocupação", nesta sexta-feira (28), com a escalada brutal no noroeste da Síria, após a morte de mais de 30 soldados turcos em bombardeios do regime de Damasco

AFP
28/02/2020 às 10:18.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:26

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestaram "preocupação", nesta sexta-feira (28), com a escalada brutal no noroeste da Síria, após a morte de mais de 30 soldados turcos em bombardeios do regime de Damasco.

Depois de sofrer as maiores perdas em um único ataque desde o início de sua intervenção na Síria em 2016, Ancara pediu o apoio da comunidade internacional, brandindo a ameaça de um novo afluxo de migrantes para a Europa.

Na quinta-feira, pelo menos 33 soldados morreram em ataques aéreos atribuídos por Ancara ao regime sírio, na região de Idlib. A Turquia respondeu, matando pelo menos 16 combatentes sírios, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

É provável que esta escalada agrave a situação humanitária já crítica em Idlib, onde centenas de civis foram mortos, e quase um milhão de pessoas, deslocadas nos últimos meses, pela ofensiva conduzida desde dezembro passado pelo regime de Damasco.

Diante dessa situação volátil, as Nações Unidas pediram um cessar-fogo imediato, e a União Europeia expressou preocupação com o "risco de um grande confronto militar internacional" na Síria.

Sinal da gravidade da situação, Erdogan e Putin conversaram por telefone na manhã seguinte do ataque às forças turcas.

De acordo com o Kremlin, os dois líderes expressaram sua "séria preocupação" com a situação em Idlib e decidiram estudar a "possibilidade de realizar uma cúpula em breve".

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual Ancara é membro, realizou nesta sexta uma reunião de emergência a pedido da Turquia, nos termos do artigo 4 do tratado. Este dispositivo pode ser invocado por um aliado que considerar sob ameaça sua integridade territorial, independência política, ou segurança.

Em Ancara, a Presidência turca também convocou a comunidade internacional a estabelecer uma zona de exclusão aérea em Idlib para conter os aviões do governo sírio e de Moscou que bombardeiam a região há vários meses.

Em uma aparente tentativa de pressionar a União Europeia, Ancara anunciou que não iria mais deter os migrantes que tentam viajar para a Europa, passando pela Turquia. A declaração traz à tona o espectro da grave crise migratória que abalou o continente europeu em 2015.

Em Istambul, ônibus foram disponibilizados para os migrantes que desejam ir para a fronteira grega, segundo a imprensa turca.

Imagens captadas por drones mostram dezenas de migrantes atravessando campos com sacos nas costas, ou na cabeça, e outras pessoas atravessando uma floresta em direção à fronteira grega.

Um vídeo publicado pela agência de notícias DHA mostrava um barco inflável cheio de migrantes, partindo da costa oeste da Turquia com destino à ilha grega de Lesbos, no Mar Egeu.

Para lidar com esta situação, Atenas anunciou o dobro de patrulhas na fronteira turca. E a UE exortou Ancara a respeitar seus compromissos de combater as travessias ilegais.

A Turquia abriga cerca de quatro milhões de migrantes e refugiados, principalmente sírios. O governo turco teme um novo influxo de Idlib, onde mais de 900.000 pessoas estão refugiadas perto da fronteira há três meses, segundo a ONU.

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