A conta oficial do governo húngaro no Twitter foi suspensa e depois restabelecida pela rede social "sem aviso, ou explicação" - anunciaram as autoridades locais nesta quarta-feira (30)
A conta oficial do governo húngaro no Twitter foi suspensa e depois restabelecida pela rede social "sem aviso, ou explicação" - anunciaram as autoridades locais nesta quarta-feira (30).
"Parece que este belo mundo novo, no qual os gigantes da tecnologia obrigam a calar aqueles que têm opiniões diferentes, chegou. Tomamos as medidas necessárias e aguardamos uma resposta oficial do Twitter", escreveu em sua própria conta na rede social Zoltan Kovacs, porta-voz do governo e muito próximo do primeiro-ministro Viktor Orban.
Qualquer tentativa de acesso à conta em inglês destinada à comunicação externa recebia a mensagem: "O usuário @abouthungary foi suspenso".
"Esta conta foi realmente suspensa sem aviso, ou explicação. Aparentemente, foi restabelecida - também sem explicação", escreveu @abouthungary no início da tarde.
"Isso é particularmente interessante, dado que a Comissão Europeia publicará seu primeiro relatório sobre o Estado de direito" sobre o bloco hoje, disse Kovacs.
A Comissão Europeia apresentará nesta quarta-feira um primeiro relatório sobre o respeito pelo Estado de direito nos 27 países da UE, que aponta para a Hungria, em um contexto de fortes tensões com Budapeste.
Este primeiro relatório trata de quatro áreas: eficácia e independência da justiça; luta contra a corrupção; pluralismo nos meios de comunicação e liberdade de imprensa; e equilíbrio de Poderes vinculado ao papel da sociedade civil.
De acordo com um resumo obtido pela AFP, o documento da Comissão destaca "sérias preocupações" sobre as consequências das reformas da Justiça, no que diz respeito à independência dos magistrados na Hungria.
Estes receios conduziram à aplicação do procedimento do chamado "artigo 7º", em setembro de 2018, a este país, por riscos de violação dos valores da UE.
Além disso, o relatório questiona a eficácia das investigações, ações penais e julgamentos relacionados com casos de corrupção na Hungria. Aponta, em particular, para ameaças à independência política dos meios de comunicação neste país.
Por trás deste relatório estão a vice-presidente da Comissão, Vera Jourova, também comissária para o Estado de Direito, responsável por "Valores e Transparência", e seu colega da Justiça, Didier Reynders.
Na terça-feira (29), Viktor Orban solicitou sem sucesso a renúncia de Jourova, que na sexta-feira descreveu a Hungria para a imprensa alemã como "uma democracia doente".
"A Hungria é o único país da UE onde as "fake news" constituem a história oficial", diz o cientista político húngaro Peter Kreko.
Essas informações falsas e infundadas são veiculadas pela mídia próxima ao poder e na televisão pública, segundo Kreko.
Este ano, a rede Twitter deletou vários tuítes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apontando informações incorretas.