INTERNACIONAL

Coronavírus acelera o êxodo urbano na África

Há alguns dias, centenas de pessoas caminham, em fila indiana, pela avenida nacional 7 para fugir da capital de Madagascar, Antananarivo, confinada devido ao coronavírus, um êxodo que surpreende inclusive a polícia neste país africano

AFP
28/03/2020 às 11:06.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:32

Há alguns dias, centenas de pessoas caminham, em fila indiana, pela avenida nacional 7 para fugir da capital de Madagascar, Antananarivo, confinada devido ao coronavírus, um êxodo que surpreende inclusive a polícia neste país africano.

Um deles é Richard Rakotoarisoa, que caminhava ao lado de muitas pessoas na RN7 com destino ao sul.

"Paramos de trabalhar para respeitar a disciplina do confinamento, apesar da necessidade de alimentar nossos filhos", explica o pai de família de 30 anos.

Ele partiu durante a madrugada com os dois filhos e uma bicicleta, além de alguns pertences, rumo à cidade de Antsirabe, a mais de 150 quilômetros de distância, onde estão sua mulher e o restante da família.

"Não sabemos quando chegaremos, mas nos preparamos para passar noites na estrada e dormir ao ar livre", disse Rakotoarisoa.

"Em nossa cidade, nossos pais são agricultores, poderemos viver dos produtos de nossas terras", afirma, ao contrário da vida em Antananarivo, onde o confinamento "nos força a esperar que a fome nos leve".

Em toda África a pandemia de coronavírus está provocando êxodos similares.

De acordo com o balanço mais recente da AFP, a doença contaminou mais de 3.300 pessoas no continente e provocou mais de 90 mortes.

No Quênia, desde a confirmação do primeiro caso, em 13 de março, muitos moradores da capital Nairóbi retornaram para a região rural.

As vans de transporte continuam nas ruas, mas são autorizadas a rodar apenas com metade da ocupação pelas medidas sanitárias.

O governo não impôs um toque de recolher noturno, mas não descarta adotar a medida em breve.

Em vários países africanos, os governos temem as consequências das grandes migrações.

No Gabão, com sete casos e uma morte registrada na capital, Libreville, as autoridades suspenderam os voos nacionais e as viagens ferroviárias, ao mesmo tempo que pediram à população que limite os deslocamentos.

Costa do Marfim, Burkina Faso e República Democrática do Congo (RDC) decidiram isolar as grandes cidades.

O presidente da RDC, Félix Tshisekedi, proibiu as viagens aéreas, fluviais e terrestres entre a capital Kinshasa, que tem 10 milhões de habitantes, e o restante do país.

Apesar das medidas, um caso de coronavírus foi registrado na sexta-feira na província de Ituri (nordeste), o primeiro fora de Kinshasa.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por