INTERNACIONAL

Coronavírus ameaça a economia latino-americana

A América Latina foi atingida pelo coronavírus com casos no Brasil e no México, e economistas destacam a incerteza gerada pela epidemia sobre uma economia regional altamente dependente da China

AFP
29/02/2020 às 13:29.
Atualizado em 07/04/2022 às 09:16

A América Latina foi atingida pelo coronavírus com casos no Brasil e no México, e economistas destacam a incerteza gerada pela epidemia sobre uma economia regional altamente dependente da China.

Grandes economias como Brasil, Argentina e Chile têm como principal parceiro comercial o gigante asiático. Seja carne, grãos ou cobre, a China se abastece com produtores latino-americanos. Por sua vez, muitas cadeias de produção locais dependem de componentes chineses.

Mesmo sem quantificar, o impacto da epidemia global é dada como certa no subcontinente.

O Brasil, onde um primeiro caso foi confirmado, foi a porta de entrada da doença na região, e sua gigantesca economia é uma das mais expostas.

"O Brasil é um país exportador e seu principal cliente é a China", por isso "a cadeia (produtiva brasileira) é diretamente afetada", diz Henrique Esteter, da consultoria Guide.

Em outubro passado, o presidente Jair Bolsonaro visitou a China para expandir o comércio bilateral.

Em 2018, as exportações brasileiras para a China totalizaram US$ 66,6 bilhões, 27,8% do total.

Cerca de 57% das empresas do setor eletrônico brasileiro enfrentam problemas para receber materiais da China, segundo pesquisa publicada na semana passada.

Vários bancos baixaram suas previsões para o PIB brasileiro devido ao coronavírus e a um consumo reduzido.

Guto Ferreira, do centro de análise Solomon"s Brain, prevê um crescimento de 2,1%.

A Argentina, grande produtora de grãos, busca renegociar sua volumosa dívida externa, e o coronavírus pode complicar o governo de Alberto Fernández.

"O setor mais afetado na Argentina será o agroexportador alimentício, e em particular a soja, porque os destinos mais importantes dessas exportações são a China e os países do Sudeste Asiático", afirma o economista Pablo Tigani, chefe da consultoria Hacer.

"Isso acontece em um momento delicado, justamente quando o governo tenta renegociar a dívida pública e a única coisa que conta para amortizar créditos é com o superávit comercial", alertou.

"Devido à desaceleração global da taxa de crescimento, também haverá problemas para que os investimentos cheguem a Vaca Muerta, o enorme campo de petróleo e xisto que o governo de Fernández quer aumentar", acrescenta.

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