INTERNACIONAL

Coronavírus não é tão benigno para os jovens

"Vocês não são invencíveis". A morte anunciada nesta quinta-feira de uma adolescente francesa de 16 anos, depois de uma jovem na Califórnia, parece uma confirmação cruel dos avisos feitos aos jovens: o coronavírus atinge mais os idosos, mas está longe de ser um doença leve para os demais

AFP
27/03/2020 às 15:39.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:27

"Vocês não são invencíveis". A morte anunciada nesta quinta-feira de uma adolescente francesa de 16 anos, depois de uma jovem na Califórnia, parece uma confirmação cruel dos avisos feitos aos jovens: o coronavírus atinge mais os idosos, mas está longe de ser um doença leve para os demais.

As mortes pela Covid-19 são excepcionais entre os mais jovens, mas "formas graves da doença que resultam em hospitalização, incluindo cuidados intensivos ou morte, podem ocorrer em adultos de todas as idades", alertam autoridades de saúde americanas em um relatório.

O vírus "afeta predominantemente pacientes idosos com comorbidades" - doenças pré-existentes -, lembrou nesta sexta-feira o professor Bruno Riou, responsável do hospital universitário de Paris (AP-HP), após o anúncio da morte da jovem Julie A.

Mas "a partir do momento em que há cada vez mais pacientes afetados, há cada vez mais pacientes graves, e mesmo que a população dos mais jovens tenha um risco individual extremamente baixo (...), naturalmente haverá alguns pacientes gravemente doentes entre os mais jovens", ressaltou.

Nos Estados Unidos, a faixa etária entre 20 e 44 anos representa 29% dos casos confirmados, 20% dos pacientes hospitalizados por Covid-19 e 12% dos casos admitidos em terapia intensiva, de acordo com um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) cobrindo 2.500 pacientes listados até 16 de março.

Os menores de 20 anos são muito menos numerosos, representando menos de 1% das internações e nenhum paciente em terapia intensiva.

Na França, dos quase 14.000 casos confirmados em 20 de março, 30,6% tinham entre 15 e 44 anos, segundo dados publicados nesta quinta-feira pela Saúde Pública. E de uma amostra de 362 pessoas em terapia intensiva, 8% pertenciam a essa faixa etária, mais da metade das quais não apresentava fator de risco conhecido (diabetes, doenças cardíacas, obesidade)

Mesmo entre as pessoas afetadas por formas menos severas, há evidências crescentes para alertar que o novo coronavírus é muito mais sério do que um simples resfriado.

"A Covid-19 não é brincadeira", alertou o campeão sul-africano de natação Cameron van der Burgh, 31 anos, citando ser, "de longe, o pior vírus que já contraí, apesar de ser um indivíduo saudável, com pulmões fortes (não fumar/praticar esportes), levar uma vida saudável e ser jovem".

Febre alta, fadiga severa, dificuldade para respirar... Como ele, outros evocam sintomas muito incapacitantes da doença. Daí os muitos alertas para conscientizar os jovens dos riscos.

"Os jovens também podem ser atingidos. Saibam que seu comportamento pode salvar uma vida ou custar uma vida. E que essa vida pode ser a sua", alertou na terça-feira o prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti.

"Vocês não são invencíveis. Esse vírus pode levá-los ao hospital por semanas - e até matá-los", disse há uma semana o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

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