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Coronavírus: tocilizumabe se mostra eficaz para pacientes em estado grave

O medicamento imunomodulador tocilizumabe mostrou sua eficácia na prevenção da "tempestade inflamatória" em pacientes com COVID-19 em estado grave, de acordo com um estudo francês ainda não publicado, cujos primeiros resultados foram divulgados nesta segunda-feira (27)

AFP
27/04/2020 às 12:52.
Atualizado em 31/03/2022 às 02:04

O medicamento imunomodulador tocilizumabe mostrou sua eficácia na prevenção da "tempestade inflamatória" em pacientes com COVID-19 em estado grave, de acordo com um estudo francês ainda não publicado, cujos primeiros resultados foram divulgados nesta segunda-feira (27).

Este tratamento reduziu "significativamente" a proporção de pacientes que tiveram de ser transferidos para terapia intensiva, ou morreram, em comparação com aqueles que receberam tratamento padrão, disse a Assistência Pública-Hospital de Paris (AP-HP).

Este é o "primeiro estudo comparativo randomizado" que "demonstra um benefício clínico" deste tratamento em pacientes com COVID-19 que sofrem de infecção grave, disseram seus organizadores durante uma coletiva de imprensa virtual.

Esses resultados ainda precisam ser "consolidados" e serão publicados em uma revista científica em algumas semanas. A AP-HP explica que decidiu divulgá-los agora "por razões de saúde pública", devido ao contexto da crise pandêmica, e comunicá-los às autoridades sanitárias francesas e à Organização Mundial da Saúde (OMS).

O tocilizumabe (Actemra, ou RoActemra), do laboratório Roche, pertence à família de anticorpos monoclonais - anticorpos criados em laboratório, derivados de uma única cepa de linfócitos e concebidos para responder a um alvo específico.

Geralmente usado no tratamento da artrite reumatoide, funciona bloqueando o receptor de uma proteína do sistema imunológico que desempenha um papel importante no processo inflamatório.

Alguns pacientes com o novo coronavírus sofrem um agravamento repentino de sua condição após vários dias, causando desconforto respiratório agudo. Fenômeno que está, provavelmente, ligado a uma reação imune excessiva do corpo.

Ao todo, 129 pessoas hospitalizadas em 13 hospitais foram incluídas no estudo: pacientes com COVID-19 sofrendo uma pneumonia "de moderada a grave" e que precisaram de assistência com oxigênio.

Esse perfil corresponde a "apenas 5% a 10% dos pacientes infectados" pelo coronavírus, mas estão entre os que correm maior risco de serem submetidos à respiração artificial, ou à morte, disse Xavier Mariette, copesquisador coordenador do estudo, durante a teleconferência.

Metade dos participantes recebeu uma ou duas injeções de tocilizumabe, além do tratamento padrão (oxigênio, antibióticos e anticoagulantes). A outra metade recebeu apenas tratamento padrão.

Eles foram acompanhados por 14 dias para obter esses resultados intermediários, um acompanhamento que continuará, a fim de confirmar as conclusões.

Nesta fase, os pesquisadores não observaram mais efeitos colaterais indesejáveis nos pacientes que receberam o imunomodulador do que naqueles que receberam o tratamento padrão, ressaltou Mariette.

Outras equipes já relataram resultados encorajadores sobre o tocilizumabe, particularmente no Hospital Foch, mas esses estudos foram "abertos", sem um grupo de controle randomizado, que não trouxe "o mesmo nível de evidência" e "não permitem definir um padrão de tratamento", apontaram os pesquisadores da AP-HP.

O custo atual do tocilizumabe é de cerca de 800 euros por injeção, um preço alto, mas muito mais baixo do que o de um dia de hospitalização em uma unidade de terapia intensiva, ressaltaram.

Um medicamento comparável, o sarilumabe (Kevzara), desenvolvido pela Sanofi e Regeneron, também está sendo testado no mesmo programa de ensaios clínicos, chamado CORIMMUNO. Os primeiros resultados devem ser conhecidos "nos próximos dias", de acordo com Mariette.

abb/ial/nm/mr/tt

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