INTERNACIONAL

COVID-19, uma inimiga com muitos aliados

A COVID-19 é uma "inimiga da humanidade", nas palavras da Organização Mundial da Saúde (OMS), e o mundo se mobilizou para derrotá-la

AFP
24/03/2020 às 07:16.
Atualizado em 04/04/2022 às 22:00

A COVID-19 é uma "inimiga da humanidade", nas palavras da Organização Mundial da Saúde (OMS), e o mundo se mobilizou para derrotá-la. Mas a doença tem muitos aliados no dia a dia.

O vírus é transmitido sobretudo por via respiratória, mas também por contato físico e a linha de frente geralmente está em casa, nos objetos da vida diária.

Do botão do elevador ao vaso sanitário, tudo pode ser considerado um inimigo, enquanto outros objetos provocam suspeitas injustificadas.

"Qualquer objeto ou superfície que tenha sido tocada ou contaminada por tosse, saliva ou excrementos pode ser infeccioso", destaca Amandine Gamble, pesquisadora do Laboratório Lloyd-Smith da Universidade da Califórnia.

Um estudo publicado na semana passada na revista americana NEJM mostra que o novo coronavírus sobrevive por até dois ou três dias em superfícies de plástico ou aço inoxidável, e até 24 horas em papelão.

Como os dados não foram obtidos em condições experimentais, não significa que a quantidade de vírus que permanece é suficiente para continuar sendo contagiosa.

"É preciso ter cuidado sobretudo com os objetos e as superfícies que entram em contato com muitas pessoas, como as mesas das cafeterias, as barras de metal nos transportes públicos, as maçanetas da portas, os botões dos elevadores e os interruptores das áreas comuns", ressalta a pesquisadora.

"Como não é possível evitar por completo tocar nestes objetos e superfícies (por exemplo no caso das pessoas que vivem em edifícios ou quando fazemos compras) é importante lavar as mãos e evitar tocar no rosto para não infectar-se, assim como tossir no cotovelo ou espirrar em um lenço para evitar infectar os outros", completa.

Para Brandon Brown, epidemiologista da Universidade da Califórnia, o inimigo é o o que usamos no exterior e transportamos para o interior".

"Em uma loja, podemos pegar nossa carteira depois de tocar em superfícies ou outros objetos (infectados) e depois retirar dinheiro, cartão, nossa identidade, e tudo isso pode ser exposto", explica.

Não se descarta que a SARS-CoV-2 (nome científico do novo coronavírus que provoca a doença COVID-19) possa ser transmitido por via fecal, segundo um estudo publicado na revista Nature em 13 de março por cientistas chineses, que detectaram rastros do vírus em mostras retais de crianças.

"Se for confirmado o vetor fecal, também será necessário desconfiar dos vasos, algo que pode parecer contraintuitivo para uma doença respiratória, mas que já foi observado no passado com o o coronavírus que originou a epidemia de Síndrome Respiratório Aguda Grave (Sars) em 2002-03", afirma Amandine Gamble.

"As determinações neste caso são higienizar o vaso sanitário com frequência e, sobretudo, abaixar a tampa antes de dar a descarga para evitar dispersar as gotículas infectadas", disse.

Não se sabe se o vírus detectado no estudo está suficientemente intacto para ser infeccioso. Isto só pode ser confirmado por meio de cultivo.

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