INTERNACIONAL

Crianças ficam pouco doentes, mas são vetores do coronavírus

As crianças são menos afetadas pelo novo coronavírus por razões ainda desconhecidas pelos cientistas, mas são igualmente infectadas e são vetores da doença, o que explica o fechamento de escolas em vários países

AFP
13/03/2020 às 09:39.
Atualizado em 05/04/2022 às 01:22

As crianças são menos afetadas pelo novo coronavírus por razões ainda desconhecidas pelos cientistas, mas são igualmente infectadas e são vetores da doença, o que explica o fechamento de escolas em vários países.

Desde o início da epidemia no final de dezembro na cidade de Wuhan, na China, quase não houve casos de crianças infectadas com o coronavírus.

De acordo com um relatório da missão conjunta China-OMS publicado no final de fevereiro, apenas 2,4% dos mais de 75.000 casos confirmados até agora na China eram menores de 18 anos.

E apenas 2,5% desse total desenvolveram uma forma grave da doença, e 0,2%, uma forma crítica.

"Parece que não ficam muito doentes nem morrem" em decorrência da COVID-19, resumiu Justin Lessler, epidemiologista da Johns Hopkins University, nos Estados Unidos. Mas "sabemos que as crianças podem ser infectadas", disse ele à AFP.

As crianças "são tão suscetíveis a serem infectadas quanto os adultos", corrobora um estudo em que Lessler participou sobre a situação em Shenzhen (China), um trabalho que não foi submetido ao processo usual de revisão por outros colegas ("peer-to-peer").

Por que, então, as crianças não aparecem nas estatísticas?

Mesmo se estiverem infectadas, "as crianças estão bem e não vão ao hospital, portanto não são submetidas ao teste", explica à AFP Sharon Nachman, professora da Escola de Medicina do Hospital Infantil Stony Brooks, perto de Nova York. York.

As razões pelas quais os mais jovens desenvolvem apenas sintomas leves ainda não são claras, mas os especialistas estão considerando várias hipóteses.

"Para eles, toda infecção é uma infecção nova. Estão em contato com tantas doenças durante seus primeiros anos de vida que seu sistema imunológico é robusto e responde bem a esse novo vírus", diz Nachman, especialista em infecções pediátricas.

Mas essa especialista também enfatiza que a atual ausência de casos graves "não significa que não ocorram".

"Não está muito claro, mas na minha opinião (os sintomas leves) estão relacionados à biologia fundamental do vírus e aos tipos de células que infectam", explica Ian Jones, professor de virologia da Universidade Britânica de Reading.

De qualquer forma, crianças contaminadas, mas não doentes, "não vão se autoconfinar (...) e por isso o risco de disseminação do vírus é maior", disse à AFP.

Esse risco de disseminação levanta a questão do fechamento das escolas, decidido em grande escala em alguns países como China, Itália, Espanha e França.

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