INTERNACIONAL

Crianças órfãs mexicanas sofrem o colapso econômico da pandemia

Em um orfanato do México, as freiras precisam diluir o leite com água e esticar o pouco dinheiro para alimentar as crianças resgatadas da violência e da pobreza, que voltam a castigá-las devido à pandemia

AFP
05/08/2020 às 12:37.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:38

Em um orfanato do México, as freiras precisam diluir o leite com água e esticar o pouco dinheiro para alimentar as crianças resgatadas da violência e da pobreza, que voltam a castigá-las devido à pandemia.

A Casa Hogar San Martín De Porres e Juan XXIII, dependente de recursos estatais que já eram insuficientes antes da pandemia, perdeu também vários de seus doadores habituais pela crise gerada pelo coronavírus.

"Muitos deles ficaram desempregados, então suspenderam suas doações até novo aviso", conta à AFP sua diretora, a madre Inés de María Piedras.

A situação tornou-se crítica para este abrigo de Texcoco (estado do México, centro), que desde 1965 acolhe menores vítimas de maus-tratos, abusos sexuais ou do desaparecimento repentino dos pais. Atualmente, moram lá 65 crianças e adolescentes.

Devido às precauções de saúde, as religiosas não podem receber mais menores, nem as visitas de sábado de empresas e organizações civis que costumam levar ajuda em espécie.

"É uma situação que nos preocupa bastante, porque não temos uma segurança financeira", afirma Piedras, de 52 anos, em uma pequena sala cheia de brinquedos, o primeiro lugar em que as crianças pisam quando chegam lá.

As crianças são, em sua maioria, meninas. As que estão lá há mais tempo estampam o rosto com grandes sorrisos, enquanto as que chegaram recentemente mantêm a cabeça baixa e uma atitude de medo.

Texcoco está a 30 km de Ecatepec, considerado o município mais perigoso do país para as mulheres.

Apenas no decorrer deste ano, as autoridades registraram 473 denúncias de feminicídio em todo o país. O estado do México lidera a lista por regiões, com 63 casos.

As crianças chegam ao orfanato encaminhadas por autoridades como o Ministério Público, mas apenas o Sistema Nacional para o Desenvolvimento Integral da Família financia sua manutenção com US$ 1.500 por mês.

É apenas um quarto do necessário, comenta Piedras, enquanto seca as lágrimas como de costume, durante uma visita à cozinha.

A situação a forçou a tomar medidas extremas. "Um litro de leite foi reduzido a três quartos de leite e um quarto de água", confessa Bárbara de la Rosa, cozinheira do abrigo.

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