INTERNACIONAL

Cubanos chegam com susto a 2021 no início de ampla reforma econômica

Os cubanos chegam assustados a 2021, na expectativa do forte ajuste econômico que começa neste 1º de janeiro, quando já se passaram 62 anos desde o triunfo da revolução e os Estados Unidos apertam com nova sanção

AFP
01/01/2021 às 18:09.
Atualizado em 24/03/2022 às 00:38

Os cubanos chegam assustados a 2021, na expectativa do forte ajuste econômico que começa neste 1º de janeiro, quando já se passaram 62 anos desde o triunfo da revolução e os Estados Unidos apertam com nova sanção.

Os cubanos acordaram após o Réveillon com aumento salarial (525% no caso do mínimo), mas de ressaca devido aos aumentos substanciais de preços, que incluem cesta básica e energia elétrica, além de redução nos subsídios.

2020 foi um "ano totalmente desafiador, mas o qual vencemos juntos", disse o presidente Miguel Díaz-Canel em um vídeo postado no Twitter nesta sexta-feira(1).

"Chegará 2021, vamos esperá-lo com votos, com entusiasmo e sobretudo com grande confiança, porque juntos venceremos em 2021", acrescentou, enviando felicitações a seu país pelo 62º aniversário do triunfo da Revolução Cubana.

Os Estados Unidos reforçaram seu bloqueio contra Cuba nesta sexta-feira, acrescentando um banco cubano - o BFI - à sua lista de entidades sancionadas, alegando que "beneficia desproporcionalmente" os militares da ilha e ajuda a financiar a "interferência" de Havana na Venezuela.

A "nova medida punitiva do Departamento de Estado (...) visa reforçar um cerco econômico que não conseguiu destruir a Revolução cubana em 62 anos", respondeu o chanceler Bruno Rodríguez no Twitter.

Na rua, os cubanos expressaram confusão com a unificação de suas duas moedas, o que implica a eliminação em um prazo de seis meses do peso conversível (CUC) e a permanência do peso cubano.

"Venho pagar com isso" e "eles não vão aceitar e isso não foi dito pela televisão", explica Armando Espinosa, cenógrafo de teatro de 62 anos, à AFP, mostrando uma nota de 20 CUC.

Desde que o presidente anunciou a reforma, o governo fez questão de explicar detalhadamente as medidas para preparar os cidadãos para o chamado "dia zero".

Desde que o presidente Miguel Díaz-Canel anunciou a reforma econômica há algumas semanas, os governantes têm se empenhado em explicar pela televisão cada uma das medidas para preparar os cidadãos para o chamado "dia zero".

"Todo mundo está preocupado, o cubano vive do susto!", diz Yusbel Pozo, um comerciante de 36 anos. Para Pozo, "o futuro é incerto". "Não sabemos o que vai acontecer. A eletricidade aumentou cinco vezes, a comida subiu", diz perplexo.

As autoridades previram um aumento generalizado de preços de 160%.

Segundo o governo, o salário mínimo de 2.100 pesos cobre 1,3 cestas básicas, mas o economista da Universidade de Havana, Ricardo Torres, lembra que esse cálculo foi feito em junho de 2019, antes da chegada da pandemia e a grave escassez de produtos durante 2020.

"Eles trabalharam muito, muitos grupos analisaram as diferentes questões dessa grande mudança", mas há aspectos que fogem ao controle do governo como a possibilidade de uma inflação descontrolada, acrescenta Torres.

O acadêmico também critica o aumento da dolarização estimulado por essas ações.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por