Cinco anos depois do Acordo de Paris, o mundo ainda não está à altura do desafio climático. Mas em face das catástrofes que se multiplicam, dirigentes mundiais tentarão no sábado dar novo fôlego ao tratado por ocasião de seu aniversário
Cinco anos depois do Acordo de Paris, o mundo ainda não está à altura do desafio climático. Mas em face das catástrofes que se multiplicam, dirigentes mundiais tentarão no sábado dar novo fôlego ao tratado por ocasião de seu aniversário.
Em 12 de dezembro de 2015, após 13 dias de intensas negociações, era batido o martelo no encerramento da COP21 sob aclamações das delegações de 195 países: a quase totalidade do planeta se comprometeu a conter o aquecimento global abaixo dos +2°C, inclusive de +1,5°C, em comparação com índices pré-industriais.
Mas após este respiro histórico, o entusiasmo decaiu novamente, arrastado um ano depois pela eleição para a Casa Branca de Donald Trump, que retirou a segunda economia mundial do Acordo de Paris.
Estes anos também foram marcados pelos constantes alertas da ciência ressaltando a urgência em agir e uma conscientização sem precedentes sobretudo entre os mais jovens, que se mobilizaram aos milhões nas ruas.
Atualmente, apesar da pressão da opinião pública, hoje "as políticas climáticas não estão ainda à altura da meta", denunciou na semana passada o secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Nós estamos com 1,2°C de aquecimento e já observamos eventos climáticos extremos e uma volatilidade sem precedentes em todas as regiões e em todos os continentes", insistiu.
Ondas de calor, furacões em série, grandes incêndios florestais, inundações... A multiplicação de eventos devastadores é um sinal inequívoco do aquecimento global que provocou a década mais quente já observada.
Apesar de tudo, o Acordo de Paris provavelmente permitiu limitar os danos.
"Em 2014, nós nos dirigíamos para um mundo com +4°C e +6°C até o fim do século", lembrou Christiana Figueres, encarregada climática da ONU durante a COP21.
Desde então, a primeira série de compromissos em virtude do Acordo de Paris permitiu reduzir estas previsões entre 3°C e 4°C.
"E a boa notícia é que com os (novos) compromissos de China, Coreia do Norte, Japão, Colômbia, África do Sul, e provavelmente dos Estados Unidos (...), burilamos ainda mais (as metas) e nos dirigimos a (um aquecimento de) +2,1°C", insistiu.
Esta é, de qualquer forma, a última previsão do Climate Action Tracker, que integrou os objetivos de neutralização de carbono, anunciados para 2050 por Japão, Coreia do Sul, União Europeia ou do futuro presidente americano, Joe Biden, e para 2060 pela China.
No total, uma centena de países assumiram este tipo de compromisso no longo prazo.
"É positivo, mas a verdadeira pergunta é: será que se realizará?", interrogou-se durante uma coletiva de imprensa Laurent Fabius, que presidiu a COP21 há cinco anos, que insiste na adoção de objetivos de curto e médio prazos para acertar a trajetória, "porque não existe vacina contra o aquecimento".