Urbanismo

Debate sobre área central resultou em um grupo de trabalho

Não foram poucos os governo que tentaram propor alguma mudança significativa para a área central

Romualdo Cruz Filho
29/09/2022 às 06:35.
Atualizado em 29/09/2022 às 06:36
Volta à tona a discussão sobre implantação de calçadão na rua Governador Pedro de Toledo (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Volta à tona a discussão sobre implantação de calçadão na rua Governador Pedro de Toledo (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

O encontro na Câmara Municipal, na terça-feira (27), para discutir a reestruturação e requalificação da área central de Piracicaba, de iniciativa do vereador Reinaldo Pousa, partiu de uma perspectiva ideal, sonhada por todos os participantes, e terminou em um labirinto de leituras sobre a realidade que há décadas não encontra um ponto de convergência. Por isso não sai do papel.

Enquanto por um lado se pensa em um calçadão, sem carros, com as pessoas circulando em um ambiente reestruturado, com serviços atrativos, que fomentem o turismo e o encontro social, do outro lado está a realidade crua, de moradores de rua, da falta de transporte público qualificado, da dificuldade para se estacionar etc.

A Gazeta publicou ontem a opinião defendida pelo presidente da Acipi, Marcelo Cançado, e está lá o cerne da questão: "Não conheço nenhum estudo divulgado que os calçadões são benéficos para lojistas, trabalhadores ou qualquer pessoa que frequente esses espaços. Ao contrário. O movimento na rua diminuiria muito, principalmente, após às 18h, aumentando a possibilidade de a via ser utilizada de forma contrária ao objetivo. Isso culminaria numa evasão de empresas, que migrariam para outras localidades, o que prejudicaria, com certeza, a região central"

No mesmo caminho de Cançado segue Rose Massarutto, diretora da área de Turismo da Semdettur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo).

"A área central deve ser valorizada, tanto pelo seu patrimônio histórico e cultural quanto pelos comércios e habitações lá existentes. Mas é fato que depois do horário de funcionamento do comércio, o centro fica vazio, especialmente aos sábados e domingos. Como trazemos pessoas para a área central? O que aconteceu durante tanto tempo que a gente desvalorizou isso e as pessoas não estão mais morando na área central?", disse ela. 

Projeto de Governo

Não foram poucos os governo que tentaram propor alguma mudança significativa para a área central. Mas nunca houve, por exemplo, unidade sobre a melhor tese: dividir ou unificar a praça José Bonifácio. O fechamento das vias transversais era visto como valorização.

Agora se propõe novamente a aberta da rua São José. Antes a intenção era abrir a Moraes Barros. Não se trata mais apenas de fluxo, mas de tentar minimizar o impacto causado pelos moradores da praça. 

Acredita-se que o aumento de fluxo de veículos por essas duas vias vai causar algum impacto positivo, que disperse os inquilinos do local. "Hoje, a praça José Bonifácio é moradia para várias pessoas. Será que um calçadão não seria mais um opção de moradia sem carros passando?", questionou o presidente da Acipi.

O consenso sobre o centro é a necessidade de um projeto macro, que pense inclusive em sua conexão com a Rua do Porto. Isto é o que o governo Luciano Almeida tem defendido e foi vocalizado por Rose Massaruto.

"É um grande desafio tanto para a área pública quanto para a iniciativa privada pensar sobre isso. Há uma proposta dentro do atual governo de repensar essa área central. Em muitos anos já vem sendo estudada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba (Ipplap) e conversamos sobre a possibilidade de uma interligação entre a área central, a Rua do Porto e o Engenho Central, áreas estas que estão tão próximas, são importantes, mas não estão interligadas", observou.

A intenção de Pousa é dar força ao tema e ampliar o debate, para que ele não caia no vazio. "Não é que deveria necessariamente ser um calçadão, mas precisamos abrir essa discussão com a sociedade, para que cheguemos a um ponto que seja a contento de todos", analisou o parlamentar. Mas pelo andar da carruagem, as lideranças da cidade estão muito longe de um plano objetivo.

Precisam ainda discutir, organizar profissionais e especialistas da área. Mesmo tendo citado locais da Europa em que tudo funciona melhor, parecem se esquecer que, apesar de tudo, falta recurso para ideias ousadas. A saída foi, como sempre a criação de grupos de trabalho, sob a coordenação da Secretaria de Governo. A dúvida é eterna, mas ganhar tempo parece ter sido a única alternativa para o momento.

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